Folha de S. Paulo


Londres de sempre se preocupa agora com 'escapadas' de príncipe William

Ganhou destaque na imprensa local a escapada do príncipe William, sem a princesa Kate e os filhos, para um fim-de-semana na luxuosa estação de esqui de Verbier, na Suíça. Lá, foi visto no almoço com uma linda modelo australiana, chamada Sophie Taylor, que trabalha no nightclub do hotel e, à noite, foi filmado dançando, animadão e desajeitado, na pista da casa noturna. Londres está onde sempre esteve.

Com tudo que poderia preocupar os ingleses –o Brexit, a saída da União Europeia, o risco de alta de preços, fuga de empresas e milhões de imigrantes na fronteira–, uma escapada real chama atenção de imprensa e leitores e traz à memória o longo romance extraconjugal de seu pai, Charles, com a atual mulher Camila, quando ainda era casado com sua mãe, a finada princesa Diana (1961-97).

Todas as histórias da carochinha da família real terminam em notícias de traição. Antes de Charles já havia uma lista imensa de romances fora da casinha, que só comprovam a tradição. Não é que a história se repita, ela não para de acontecer igual.

Arthur Edwards/Reuters
Príncipe William e sua mulher, Kate Middleton, posam para foto com participantes do Projeto Onda, em Town Beach, na Grã-Bretanha
Príncipe William e sua mulher, Kate Middleton, em Town Beach, na Grã-Bretanha

Duas provas da constância da vida londrina são visíveis logo ao primeiro contato, o turismo e a absoluta ausência de mudanças físicas na cidade. Não é Natal, nem Ano Bom, nem férias escolares e as ruas, hotéis, teatros, restaurantes de Londres estão abarrotados, honrando a condição de uma das metrópoles mais globais do planeta.

Andando pelas ruas não se vê novos viadutos, avenidas ou outras obras que tenham alterado a paisagem urbana. Os poucos prédios novos apenas confirmam a sensação de permanência.

Mas a falta de obras públicas visíveis não é sinal de que o governo não atua: em 20 anos, linhas de metrô brotaram como cogumelos após a chuva, graças ao dinheiro gerado pelo "imposto do congestionamento" ou pedágio urbano. Com ele, o trânsito deixou de piorar, é até bom, flui constantemente a qualquer hora do dia. A cidade inverteu a equação carrocêntrica: criou o pedágio antes, para melhorar os transportes coletivos depois.

Além disso, a cidade investe pesado em zeladoria. Isso é um ensinamento para os prefeitos e outros políticos brasileiros: sem construir obras viárias (que, no médio prazo, pioram a mobilidade), o dinheiro mantém o pavimento, calçadas, jardins, sinalização etc.

O resultado é uma cidade confortável da porta para fora. Nota-se nos menores sinais: qualquer irregularidade no passeio público é marcada com um círculo de spray branco, para que as pessoas não tropecem; e logo é reparada. E os consertos não custam caro: boa parte das calçadas é asfaltada, exatamente como o leito da rua: o importante é que elas sejam confortáveis para os pedestres.

Rica, limpa, bonita e alto astral, com a maior parte da população, rica ou pobre, andando e lendo notícias dentro de transportes públicos, a capital inglesa se dá ao luxo de discutir as escapadas do príncipe William, como antes as de seu pai, do avô, do bisavô... Mas isso é só um capítulo a mais para confirmar que Londres está onde sempre esteve.

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Nosso ídolo José Simão chama o Brasil de país da piada pronta. Mas com tanto adultério na Família Real inglesa, o que dizer do título da mulher do príncipe Charles: Duquesa da Cornualha. É, faz sentido!


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