Folha de S. Paulo


Minhocão fecha sábado. Talvez para sempre

O secretário municipal de Cultura, Nabil Bonduki, anunciou na sexta (12) que o Minhocão será fechado sábado (20) às 15h para atividades da Virada Cultural. A CET fará estudos de impacto da medida sobre o trânsito para iluminar a decisão sobre o fechamento do Elevado todos os sábados a partir desse horário.

Nabil, que foi coordenador da tramitação do Plano Diretor que previu o fechamento definitivo do Minhocão em alguns anos, disse à coluna que a tendência da prefeitura é adotar o fechamento definitivo aos sábados, como já ocorre aos domingos. A medida está prevista em proposta de lei do vereador José Police Neto.

Nabil disse também que a prefeitura estuda passar a fechar a avenida Paulista aos domingos a partir da inauguração da ciclovia na avenida tida como símbolo da cidade.

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#MALDITOSFIOS SUPRAPARTIDÁRIOS

Sábado, durante a inauguração da exposição coletiva de fotos #malditosfios, na galeria Mezanino (rua Cunha Gago, 208, Pinheiros), foram comentadas propostas em gestação, na prefeitura e na oposição, para apressar o enterramento da fiação aérea na cidade.

O vereador Andrea Matarazzo, fotógrafo amador com uma foto na mostra, deve apresentar em breve à Câmara um projeto de lei que prevê: aumentar a previsão legal de enterramento dos atuais 250 km para 350 km anuais; e indicar punição em caso de não cumprimento da meta (a lei atual, de 2005, não prevê qualquer sanção).

Já o secretário Nabil Bonduki, ao visitar a vernissage, mencionou projeto do prefeito Haddad que prevê tornar obrigatório o enterramento dos fios aéreos em todas as vias onde já existe tubulação subterrânea. Isso viabilizaria o enterramento imediato em áreas como a região do largo da Batata, em Pinheiros, onde a prefeitura instalou os tubos, a Eletropaulo enterrou seus fios mas as companhias de telefonia e tevê a cabo não baixaram os seus; também a Eletropaulo seria obrigada a passar sua fiação por tubulação sob a calçada naquelas áreas onde empresas de fibra ótica mantêm fiação subterrânea (frequente no centro expandido). A prefeitura já prevê o enterramento dos fios em corredores de ônibus e em áreas com obras de reurbanização.

Se os dois políticos (pré-candidatos à eleição de 2018) superarem a distância partidária e somarem suas ideias, é possível imaginar uma mudança rápida na paisagem de São Paulo.

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SOB ATAQUES, UBER INICIA SERVIÇO MAIS BARATO QUE TÁXI

O Uber começou na última sexta-feira a oferecer o serviço "UberX", com preços de corrida até 30% mais baratos que os dos carros "Black" com que vinha operando no Brasil. O resultado deve ser uma tarifa 10% menor do que a dos táxis comuns. Se o serviço mais caro já vinha gerando protestos de taxistas, o atrito agora deve aumentar.

Nos EUA e na Europa o aplicativo oferece vários serviços: carros de luxo, vans, carros mais confortáveis (como o "Black") e opções mais baratas do que os táxis. Em alguns lugares inclusive pode ser usado para chamar táxis normais. Depois de alguns meses operando no Brasil, o aplicativo agora lança uma nova opção.

O Uber tem tido grande aceitação de usuários porque oferece atendimento melhor: os motoristas têm treinamento de etiqueta que não é comum nos taxistas; trabalham com paletó e gravata, oferecem balinhas e água e uma estimativa precisa do valor da corrida, por ser calculada por GPS. Ao mesmo tempo, a empresa tem atraído taxistas cansados de pagar até 200 reais por dia para frotas ou donos de táxis por não terem alvarás.

São Paulo tem mais de 150 mil taxistas e só 35 mil alvarás, aproximadamente. Ou seja, milhares de motoristas trabalham em condições adversas para pagar o aluguel do táxi (ou se têm carro, pagam o uso do alvará a um terceiro) e depois ainda conseguir renda para viver. Um motorista de frota paga R$ 180 por dia (mas não paga manutenção) mais o combustível; o aluguel de alvará resulta em valor menor mas o motorista arca com todos os custos do carro. Já o Uber cobra 20% da corrida. Um motorista que tenha carro mas não possua alvará passa a ganhar mais.

Os taxistas fazem campanha contra o Uber para não perder clientes mas também contra o risco de desvalorização do negócio de aluguel de alvarás (ilegal, mas amplamente disseminado e lucrativo) e das diárias de frota.

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A ILUMINAÇÃO E O TCM

O Tribunal de Contas do Município deve se debruçar na quarta-feira sobre a consulta da Câmara dos Vereadores sobre a PPP da iluminação pública. De novo, discute-se se o projeto da prefeitura que criou a empresa público-privada para trocar as lâmpadas públicas de São Paulo precisaria ter sido submetido à Câmara ou não. Um requerimento de conteúdo semelhante, do vereador Police Neto, foi recusado.

Se não votar esta semana, haverá uma questão complicada: quarta-feira que vem é dia 23, quando devem ser abertos os envelopes com as propostas das empresas concorrentes.

No processo há uma coincidência curiosa: o autor do projeto do governo Haddad foi o então secretário João Antônio (PT). Agora, como conselheiro do TCM, ele vota se considera sua própria lei juridicamente correta ou não.


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