Folha de S. Paulo


Brasil é o que mais destrói florestas tropicais

O Brasil é o país do mundo que mais destrói suas florestas úmidas: entre 2001 e 2010, perdemos uma área de 169,074 mil km² de matas na Amazônia, correspondente a pouco mais que o estado do Acre. O dado consta de um relatório da fundação Rainforest norueguesa que será divulgado nesta quinta (17) em Oslo, capital da Noruega. É esperada a presença do rei Harald, que recentemente se hospedou na aldeia do líder indígena brasileiro Davi Yanomâmi, em Roraima.

Segundo o relatório, chamado State of the Rainforest 2014 ("o estado das florestas tropicais" ), no período entre 2000 e 2012, foram destruídos em todo o mundo 1,1 milhão de km² de florestas tropicais, uma área semelhante à do Estado do Pará ou três vezes o tamanho da Noruega. Os períodos discrepantes se devem às fontes diferentes usadas pela fundação conforme os continentes.

O relatório classifica o Brasil como "herói das florestas mas ainda o campeão do desmatamento". O texto dedicado ao país, escrito por Tasso Azevedo, ex-diretor do Serviço Florestal Brasileiro, destaca a redução significativa no ritmo do desmatamento da Amazônia desde 2004 (caiu 73%); ao mesmo tempo, aponta uma redução na velocidade da melhoria (entre 2009 e 2013, o índice caiu para 22%) e o fato de que esse ritmo menor, ainda assim mantém o Brasil como líder internacional de desmatamento.

O relatório atribui esse desenvolvimento negativo, a partir de 2010, às mudanças no Código Florestal e à redução sistemática de áreas de conservação pelo governo federal, principalmente para permitir a implantação de projetos de infraestrutura. Também pressionam as florestas os empreendimentos como expansão de fazendas de gado e o cultivo em escala industrial de soja.

A atual demanda global por produtos agrícolas, em vários países tem provocado desmatamento e abertura de áreas para exploração de agricultura para exportação. Mais de 50% das florestas de países tropicais e subtropicais foram convertidas em terras agrícolas na última década.

Além da produção de commodities agrícolas e de gado, as florestas brasileiras sofrem também pressões decorrentes de exploração ilegal mas sistemática de madeira, ocupação de terras públicas, por grilagens e invasões. Contra essas ameaças, o país padece da falta de fiscalização, por parte do governo.

As soluções para reverter esse quadro no Brasil, segundo o State of the Rainforest 2014, são o aumento do monitoramento por satélites em programas como Prodes, Deter e Degrad e sua extensão para todas as florestas do país, uma vez que hoje essas tecnologias detectam somente os níveis de desflorestamento na Amazônia. Além disso, a qualidade dos dados é muito desigual e toda a tecnologia disponível ainda não permitiu uma avaliação exata do desmatamento (corte raso) e dos diversos níveis de degradação das florestas.

Ademais, aponta o relatório da Rainforest, é preciso estabelecer um programa de incentivo àqueles que mantiverem as florestas intactas; consolidar a aumentar as áreas de conservação em todos os biomas; promover uma economia de floresta e regenerar 600 mil km² de pastos, combinados com uma restauração de coberturas de florestas em áreas críticas,


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