Folha de S. Paulo


A caminho da Flip, Davi Kopenawa denuncia ameaças de morte

O líder indígena Davi Kopenawa apresentou nesta segunda-feira (28) à Polícia Federal em Boa Vista-RR denúncia de que vem sofrendo uma série de ameças de morte ao longo das últimas semanas. O líder Yanomami pediu proteção. Documento semelhante foi entregue na sexta-feira passada ao Ministério Público Federal em Roraima.

Kopenawa está em Boa Vista para embarcar para São Paulo, a caminho de Paraty-RJ, onde é uma das personalidades convidadas para participar da Feira Literária, Flip, em uma mesa com a fotógrafa Claudia Andujar, sexta-feira (1).

Claudia Andujar/Folhapress
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O documento entregue à PF historia os eventos de ameaças. Narra que em junho, um outro líder, Armindo Góes, foi alertado de que garimpeiros tentariam matar o Davi Kopenawa em função dos prejuízos que estão tendo com as operações da PF contra o garimpo na área Yanomami a partir de denúncias feitas pelos líderes indígenas. Passados alguns dias, começaram a acontecer episódios repetidos de pessoas em motocicletas que passam na associação que ele dirige em Boa Vista, a Hutukara, perguntam por ele e como ele tem ficado fora de Boa Vista, em seguida vão embora. De vez em quando outras pessoas recebem "recados" com as ameaças.

Em seguida, em junho, dois homens armados entraram na Hutukara perguntando por Kopenawa. Como ele não estava, dirigiram-se à sede do Instituto Socioambiental em Boa Vista (do outro lado da rua). Ali, perguntaram pela advogada da entidade (que é quem faz formalmente as denúncias contra garimpo) e depois de identificá-la, sacaram suas armas e renderam cerca de dez, roubaram todos os computadores, celulares e GPS e foram embora em um carro da entidade. Logo denunciados à polícia, foram perseguidos e um deles preso.Em depoimento, ele disse ter sido contratado por um estrangeiro em um garimpo na localidade de Tumeremo, na Venezuela.

A associação Hutukara, dirigida por Kopenawa, aumentou a segurança em sua sede e tem mantido o dirigente em locais sigilosos. Agora pede à Polícia Federal que implemente um programa de segurança e investigue as ameaças.

Já a Polícia Federal em Boa Vista informou que uma comissão de representantes da Hutukara protocolou documento com o relato das ameaças em um reunião com o delegado regional executivo. No entanto, os fatos apontados pela ONG ainda não foram analisados.


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