Folha de S. Paulo


MPL erra ao pedir ônibus da periferia ao centro

Nos últimos dias, o Movimento Passe Livre voltou a participar de protestos sobre transportes públicos, na zona sul. E sua principal reivindicação trai o interesse dos usuários de ônibus: a defesa da reabertura de linhas diretas entre os bairros da periferia e o centro. As linhas longas são péssimas para o funcionamento do sistema, provocam lentidão que prejudica usuários locais e os dos demais bairros até o centro.

Por que? Porque o sistema funciona melhor com menos carros transitando mais rapidamente. Ao contrário do senso comum, São Paulo precisa de menos ônibus rodando.

Quem vê as filas de ônibus em corredores, faixas ou avenidas sabe que a maior parte está vazia, "batendo lata" como dizem os especialistas. Em lugares e horários específicos, há alta lotação (um deles é a zona sul de manhã, de fato). Esses são os que saem nas fotos de jornal. Mas o sistema está ocioso, com carros demais congestionando vias; os veículos demoram a chegar no ponto, a prefeitura manda mais veículos e eles ficam mais lentos e vazios.

Para dar mais velocidade ao sistema é preciso (entre outras medidas) tirar carros das ruas e um dos jeitos de fazer isso é encurtar linhas. Os ônibus de bairros devem ir só até terminais regionais, corredores ou estações de metrô, onde os passageiros trocam para veículos maiores e rápidos até o destino final.

Com o aumento da velocidade já obtida nos corredores e faixas, menos carros terão mais eficiência que a frota atual. Mais agilidade e menores custos, podem até garantir redução de tarifa.

Já o que pede o MPL encarece e provoca lentidão no sistema.

Mas a quem interessa sua reivindicação? Ainda que ele não saiba, serve aos donos de empresas de ônibus. Os empresários gostam de linhas longas, que percorrem muitos quilômetros, pegando um passageiro aqui, outro ali, aumentando a arrecadação de cada veículo.


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