Folha de S. Paulo


Sobra a Temer torcer para o tempo voar até o fim do mandato

Eraldo Peres/Associated Press
Brazil's President Michel Temer waves goodbye following his statement at Planalto presidential palace in Brasilia, Brazil, Wednesday, Aug. 2, 2017, after surviving a key congressional vote that could have suspended him over a bribery charge. The bribery allegation, which stunned even Brazilians inured to graft cases, was the latest in a bevy of scandals that has rocked the administration and created deep uncertainty and angst in Latin America's largest nation. (AP Photo/Eraldo Peres) ORG XMIT: ERA138
Michel Temer acena após pronunciamento no Palácio do Planalto

BRASÍLIA - Os brasileiros não suportam o governo de Michel Temer, o rejeitam como nenhum outro desde o fim da ditadura, mas topam que ele termine o mandato em 2018.

A nova pesquisa do Datafolha, mesmo que não surpreenda o Planalto, não deixa de ser um desastre para um governo que busca, publicamente, transparecer naturalidade diante da reprovação do seu comandante, que atingiu o recorde de 73% de "ruim" ou "péssimo".

Confrontado com os números pífios, Temer tem adotado o discurso de que prefere ser impopular a populista. Apostou que um pacote de reformas reverteria no longo prazo a ojeriza das ruas por sua gestão.

O problema é que a principal delas, a da Previdência, agoniza nos corredores da Câmara. Nem o mais otimista dos deputados acredita em sua votação nos próximos meses —e muito menos em 2018, um ano eleitoral, de Congresso às moscas, querendo fugir de assuntos delicados.

Temer tem uma certa benevolência de 37% da população, que, traumatizada pela terremoto político recente no país, prefere que ele conclua o mandato (sem alternativa, seria melhor não correr risco e empurrar o governo com a barriga).

Um dado do Datafolha derruba qualquer tentativa de análise pró-Temer dessa tendência por sua permanência: 89% dos entrevistados querem que a Câmara receba a denúncia da PGR contra ele por corrupção e organização criminosa.

Para alívio do peemedebista, deputados de sua base de apoio, maioria na Câmara, integram os 7% de brasileiros contrários à acusação.

Por fim, o presidente poderia desejar que sinais positivos da economia dessem um gás no otimismo popular –essa era uma aposta de assessores dele. Mas nem esse cenário parece viável. Segundo a pesquisa, a expectativa de reversão da crise é baixa e a maioria diz que a inflação e o desemprego vão aumentar. Sobra a Temer a torcida para que o tempo voe até o dia 31 dezembro de 2018.


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