Folha de S. Paulo


Fascistas vermelhos mostram a verdadeira natureza do PT

Em meu primeiro artigo para esta Folha, critiquei o terrorismo nas manifestações pelo "passe livre" –à época, black blocs haviam explodido uma bomba caseira na estação Consolação do metrô– e a postura da imprensa, que insistia em chamar esses criminosos de "ativistas". Com a consolidação do impeachment de Dilma Rousseff, os vândalos estão de volta às ruas, mas, dessa vez, não escondem sua orientação partidária.

Estive nas galerias do Senado quando Dilma foi fazer sua defesa. Apesar das respostas raivosas aos senadores que expunham os seus crimes, nos bastidores, ela estava descontraída, sorria com facilidade. Lula, Chico Buarque e companhia estavam no mesmo clima. Não era a postura de quem sofria um golpe. Não se via a mesma revolta que eles transmitem quando estão sob a luz dos holofotes da imprensa. Eram só velhos políticos passando por mais um processo político.

Apesar de inconformados por terem perdido o poder, os líderes petistas estão serenos. O ódio e a revolta que transmitem para a militância é friamente calculado. Dilma, a suposta vítima do tal golpe, não está liderando nenhuma manifestação. Aliás, como Vinícius Mota bem constatou, a ex-presidente convocou a militância e foi morar no Leblon.

Infelizmente, a militância raivosa que está indo às ruas é bovina demais para perceber o verdadeiro estado de espírito de seus líderes. Em nome do discurso absolutamente vazio do "golpe", espalham o terror destruindo tudo o que veem pela frente. A Folha, por incrível que pareça, finalmente, em editorial, chamou-os pelo nome: fascistas. Talvez o recente atentado contra o jornal tenha influenciado a mudança de postura. Aprenderam, na marra, que não adianta ser tolerante com intolerantes. Pena que a maior parte dos colunistas e jornalistas não possua a honestidade intelectual necessária para admitir o mesmo.

Os adeptos do fascismo vermelho sempre foram uma minoria barulhenta. A grande diferença é que, agora, não estão mais no poder. Seus berros só viram notícia quando quebram uma vidraça ou jogam coquetel molotov em policiais. Suas pautas vazias já não ecoam no debate público.

Guilherme Boulos tem razão quando diz que o golpe está apenas começando. Nosso golpe é contra o discurso hegemônico, o autoritarismo, a intolerância, o retrocesso, a ditadura da propina. Enquanto eles incendeiam latas de lixo, nós incendiamos a política com propostas que podem tirar o Brasil do mar de lama criado pelo petismo.

Sim, o impeachment é só o começo. Ainda pressionaremos o congresso por uma reforma política que diminua a corrupção e aumente a representatividade, com voto distrital misto e parlamentarismo; ainda pressionaremos o congresso por uma reforma previdenciária que acabe com o atual regime de escravidão geracional; ainda pressionaremos o congresso por uma reforma trabalhista que acabe com a atual legislação retrógrada, herdada do fascismo italiano; ainda pressionaremos o congresso por privatizações que façam com que nossas empresas deixem de ser reféns de conchavos políticos.

Para levar à frente essas e muitas outras pautas, vamos dialogar com quem estiver disposto a dialogar. O impeachment de Dilma Rousseff é uma vitória daqueles que acreditam na democracia e, por meio dela, querem promover mudanças. Àqueles que acreditam na intolerância e no quebra-quebra, só restam choro e esperneio.


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