Folha de S. Paulo


VE Day

Hoje (7 de maio) faz 70 anos que a rendição incondicional da Alemanha foi assinada em Reims, França, pelo general alemão Alfred Jodl, pondo fim oficialmente à Segunda Guerra Mundial na Europa.

A vitória sobre a Alemanha é celebrada oficialmente em 8 de maio. Na Rússia, a celebração marca a data em que o general alemão Wilhelm Keitel assinou a rendição perante o marechal soviético Georgy Zhukov, em Karlshorst, na Alemanha.

Josef Stálin sempre acreditou que a União Soviética havia arcado com a maior parte do fardo na luta contra a Alemanha nazista, e sofrido as maiores baixas. A celebração da vitória na "grande guerra patriótica", como a guerra contra a Alemanha nazista é conhecida na Rússia, é sempre realizada em Moscou um dia depois das comemorações na Europa Ocidental.

O presidente Vladimir Putin usará a ocasião do 70º aniversário a fim de exibir o poder renovado das Forças Armadas em uma parada na praça Vermelha, um lembrete das grandes exibições de poderio militar que caracterizavam as celebrações do Dia da Vitória enquanto a União Soviética existiu.

É irônico que, quando a vitória foi declarada na Europa, Franklin Roosevelt já tivesse morrido, e Harry Truman tivesse se tornado o novo presidente dos Estados Unidos. Meses depois, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, o grande herói de 8 de maio de 1945, seria fragorosamente derrotado pelo Partido Trabalhista na eleição geral.

Ed Miliband, o atual líder do Partido Trabalhista, talvez sonhe com um desfecho parecido na eleição britânica que acontece hoje. Mas seria um milagre que o resultado de 1945 se repetisse. A disputa ainda está completamente indefinida, e as pesquisas de opinião nos dias que precedem o voto projetam que nem os conservadores nem os trabalhistas conquistarão assentos suficientes na Câmara para formar um governo majoritário. Um período prolongado de negociações de bastidores com uma lista de pequenos partidos (entre os quais o Partido Nacional Escocês) parece estar a caminho.

Talvez as pesquisas estejam erradas. Mas a campanha eleitoral no Reino Unido foi conduzida como se o resto do mundo não existisse, e como se o resultado não afetasse a posição do país na Europa ou no mundo. É tudo muito diferente dos empolgantes dias da vitória na Europa, há 70 anos, quando a esperança, o otimismo e a fé no futuro foram restaurados.

E no entanto, hoje o mundo é mais perigoso e incerto do que nunca. A Rússia está de novo em ascensão, e procura revanche. O Oriente Médio e a África vivem em tumulto. Refugiados políticos e econômicos desesperados fogem aos milhares para o lado de lá do Mediterrâneo. A Grécia cambaleia. Infelizmente, não é só no Brasil que a classe política parece ter perdido o roteiro.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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