Folha de S. Paulo


Índios do Xingu fazem homenagem a médico

Lalo de Almeida - 14.ago.2016/Folhapress
Indígenas do Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, chegam para participar do Quarup
Indígenas do Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, chegam para participar do Quarup

Os índios da aldeia Kamaiurá do Parque Nacional do Xingu programaram para o dia 5 de agosto a cerimônia fúnebre Quarup em homenagem ao médico Roberto G. Baruzzi, morto no ano passado. É esperada a presença de cerca de 1.500 índios de aldeias vizinhas.

O ritual marca o fim de um ano de luto e é realizado ao longo de três dias. Antropólogos dividem o Quarup em "festas para espíritos" e "festas para pessoas importantes", como as realizadas para os irmãos Cláudio e Orlando Villas Boas, responsáveis pela implantação do Parque Nacional do Xingu em 1961.

O Projeto Xingu de atenção à saúde dos índios começou em 1965 quando Orlando Villas Boas convidou um grupo de médicos da Escola Paulista de Medicina para avaliar as condições de saúde dos povos indígenas de lá. A primeira caravana médica foi coordenada pelo professor Baruzzi.

De 1970 até 2005, a população indígena local passou de 1.220 índios para cerca de 5.000 e continua crescendo.

O estudante que trabalhava à noite na Caixa Econômica Federal para pagar o curso médico da Escola Paulista de Medicina (à época particular) e que optou pela carreira acadêmica e de professor na Unifesp continuou a coordenar, de 1965 a 1996, o Projeto Xingu, permanecendo depois como consultor do projeto.

Há alguns anos, já idoso, em visita à aldeia Kamaiurá, um dos caciques ofereceu-lhe um Quarup para homenageá-lo. Rápido, Baruzzi respondeu: "Não tenha pressa". O dia chegou.


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