Folha de S. Paulo


A gestante cardíaca e a febre reumática

Um grande perigo para futuras mães e seus bebês é a presença do vírus da zika transmitido pelo aedes. Por outro lado, para gestantes cardíacas, também há perigo, apesar dos avanços no tratamento das doenças do coração.

A cardiopatia é a primeira causa de morte materna não obstétrica, assinalam a médica Luciana C. Martins e colaboradores da UFMG em artigo nos "Arquivos Brasileiros de Cardiologia" deste mês, ao abordar a cardiopatia reumática nas gestantes.

Em 132 gestantes cardiopatas avaliadas, a cardiopatia reumática foi a doença cardíaca mais prevalente (62%). Complicações frequentes foram descompensação cardíaca em 11,4% e arritmias em 6,8% das pacientes.

Estudo realizado no Instituto do Coração da FMUSP com mil casos de gestantes cardíacas pela médica Walkiria S. Avila e colaboradores encontrou cardiopatia reumática em 55,7% e doença congênita cardíaca em 19,1% das pacientes, entre outros problemas. Entre os eventos observados, 12,3% das gestantes apresentou insuficiência cardíaca e 6% arritmia. A pesquisa registrou 2,7% de mortalidade materna; e 13% de bebês prematuros.

A cardiopatia reumática é uma das complicações da febre reumática decorrente de infecção na garganta por bactéria. A infecção, que pode lesar as válvulas cardíacas, é frequente em adolescentes. A atividade sexual precoce e a gravidez prematura destacam a necessidade de atenção para as infecções da garganta nessa faixa etária.


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