Folha de S. Paulo


Caminhões, anfetaminas e acidentes

As causas dos acidentes com caminhões nas estradas brasileiras são bem conhecidas. Mas as mortes e as graves sequelas nos feridos continuam.

Em 2005, nos "Arquivos de Neuro-Psiquiatria" pesquisa de José Carlos Souza e colaboradores assinalava o consumo de estimulantes como cafeína e anfetamina e que 43,2% dos motoristas de caminhão conduziam os veículos por mais de 16h/dia.

Em 2013, Juliana Takitane e colaboradores relatam na revista "Ciência & Saúde Coletiva" presença de anfetaminas em 10,8% das amostras de urina de 134 desses profissionais, obtidas em duas rodovias do estado de São Paulo.

Ainda em 2013, o presidente da Federação dos Trabalhadores Rodoviários do Estado de São Paulo, Valdir de Sousa Pestana, afirmava que a principal causa dos acidentes com caminhões era o excesso de horas trabalhadas.

Na "Revista Saúde Pública" deste mês, da Faculdade de Saúde Pública da USP, Lúcio Garcia de Oliveira e colaboradores analisam o uso de anfetaminas pelos motoristas de caminhão e destacam a necessidade da aplicação da Lei do Descanso (lei 12.619/2012) que regulamenta a carga horária de trabalho. O estudo, com 684 motoristas, detectou os fatores preditores ao uso da droga: trabalho superior a 12 horas, em turno noturno ou irregular e consumo de álcool.

Uma das ações das anfetaminas é dar alento e mais horas acordado aos seus usuários. Após o efeito, vem a sonolência, a atenção diminuída e a possibilidades de acidentes.


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