Folha de S. Paulo


Fazenda aposta em avanço da Previdência após votação de denúncia

Armando Paiva/Raw Image/Folhapress
Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, apresenta plano de recuperação fiscal para Rio de Janeiro, no Palácio Guanabara, nesta quarta
Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles apresenta plano de recuperação fiscal para o Rio de Janeiro

BRASÍLIA - À espera da passagem do furacão "segunda denúncia" pela Câmara dos Deputados, a equipe econômica do presidente Michel Temer está tomada pela convicção de que, dissipadas as nuvens da borrasca, conseguirá levar adiante a votação da reforma da Previdência. Sem polianismo, afirma o time de Henrique Meirelles (Fazenda).

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encontra-se em débito com a turma da Fazenda. Na ausência de Temer —que batia asas pela China—, o demista ocupou o Palácio do Planalto e pressionou o ministério de Meirelles a botar de pé o arrastado acordo de socorro ao Rio. Foi assim que Maia, em lágrimas, ganhou as páginas dos jornais e engrandeceu seu capital eleitoral.

Embora devedor, o deputado avisa que não há meios para fazer avançar duas agendas simultâneas na Câmara. Enquanto a segunda denúncia do presidente Temer não for liquidada, a Casa não despenderá energia com outros temas. Comunicou platitudes.

O ritmo do prosseguimento da acusação contra o presidente depende de uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Nos bastidores, o que se ouve é que os ministros tendem a deixar seguir a denúncia.

Enquanto isso, Meirelles insistirá que a reforma da Previdência pode ser votada em outubro, mesmo com todas as dificuldades. Gosta de enumerar as vitórias (sofridas) que obteve no Congresso, como o teto de gastos e a nova taxa de longo prazo.

Esquece-se de inúmeras derrotas recentes: não conseguiu reonerar a folha de pagamento das empresas neste ano, não aprovou a nova meta de deficit fiscal a tempo de fechar o Orçamento de 2018, foi tungado nas contribuições do Funrural. E, agora, sua a camisa para fechar um acordo menos desfavorável do novo Refis.

Não lembra também que a partir de outubro deputados e senadores estarão mais preocupados com os conchavos para a (re)eleição.

Menos polianismo.


Endereço da página:

Links no texto: