BRASÍLIA - Não restam dúvidas sobre a tragédia fiscal em que o Brasil está mergulhado, com um rombo recorde nas contas federais de R$ 170,5 bilhões neste ano.
A maneira encontrada para sair da encrenca divide opiniões, apesar de o governo estar convencido de que a proposta que estabelece um teto para os gastos públicos é a única via para tirar o país do cadafalso.
Mais até que o Palácio do Planalto, o ministro Henrique Meirelles está convicto de que a PEC do Teto é o caminho da salvação.
Enquanto Temer relativiza e até considera que a proposta possa ser alterada em quatro ou cinco anos, Meirelles assentiu em entrevista a esta Folha que um prazo menor para o teto seria suicídio.
Entre a salvação e o suicídio, o discurso do governo tornou-se monocórdio: a PEC do Teto. Há também a reforma da Previdência, mas que surge como apêndice necessário para o êxito da... PEC do Teto. Reforma que, por ora, está mais para carta de intenções cujo envio para o Congresso vem sendo adiado despudoradamente há meses.
A curiosidade que sobrevém, enquanto a Fazenda martela a tecla do teto, é o que andam fazendo ministérios como Indústria e Comércio, Agricultura, Transportes, Minas e Energia e Trabalho, para citar apenas alguns e que juntos respondem por gastos de R$ 20 bilhões.
O calendário avança sobre novembro e onde estão os editais de concessões do Programa de Parcerias de Investimento que seriam lançados ainda neste ano?
Paira uma sensação de imobilismo no governo —ainda em um cenário sem a delação da Odebrecht na Operação Lava Jato— que contrasta com o clima de torcida do mercado financeiro e do empresariado.
Ao mesmo tempo, a produção industrial oscila, com segmentos importantes ainda em queda, a arrecadação federal registra tombos superlativos e o fantasma do desemprego agora usa roupas de palhaço.