Folha de S. Paulo


Mundial tem final que todos queriam, e Grêmio é capaz de vencer Real

Amr Abdallah Dalsh/Reuters
Cristiano Ronaldo será rival do Grêmio na decisão do Mundial de Clubes
Cristiano Ronaldo será rival do Grêmio na decisão do Mundial de Clubes

O Grêmio sofreu para derrotar os mexicanos do Pachuca graças a um mísero gol já no primeiro tempo da prorrogação.

Jogou mal os 45 minutos iniciais, melhorou nos finais e só mandou mesmo na semifinal depois que os adversários ficaram reduzidos a dez jogadores.

O Grêmio enfrentou, seja como for, um rival bem mais qualificado que o Al Jazira, páreo duro para o poderoso Real Madrid.

Indiscutível o massacre madridista.

Sensacional o surpreendente goleiro Al Khasseif, autor de incrível sucessão de defesas nos primeiros 20 minutos de jogo, infelizmente incapaz de terminar a partida, obrigado a ver, machucado, do banco, seu suplente sofrer dois gols, gol de empate saído no primeiro chute depois de sua saída.

Gostoso ver o amadurecimento de Romarinho, autor do 1 a 0 para os árabes e do passe que originou o 2 a 0 anulado pela vídeo arbitragem, por impedimento milimétrico de seu afobado companheiro Boussoufa.

O Real Madrid provavelmente viraria mesmo se levasse o segundo gol nem bem o segundo tempo começou.

E certamente não jogará de salto tão alto contra o Grêmio, não dará tanto espaço aos contra-ataques, terá respeito pelo time brasileiro, por mais que saiba ser superior.

Do outro lado, Renato e seus Blue Caps, nome da banda de rock que fez sucesso nos anos 1960, viram que o bicho merece toda atenção do mundo, mas não é tão feio como pintam, capaz de ser ameaçado pelo Al Jazira.

A dureza dos jogos semifinais, por sinal, dá argumentos aos que só consideram como verdadeiros Mundiais os torneios da Fifa, com equipes de todos os continentes.

Além de comprovar como o sistema de mata-mata é traiçoeiro e frequentemente não revela o melhor time como vencedor, porque não cabe dúvida sobre quem tem mais futebol, se Real Madrid ou Al Jazira.

Como não se tem se a comparação for com o Grêmio.

Trata-se, pois, de definir o campeão mundial, não necessariamente o melhor time do mundo, provavelmente, hoje, o Manchester City do gênio Pep Guardiola.

Mas o São Paulo também não era melhor que o Liverpool, nem o Inter que o Barcelona, nem o Corinthians que o Real Madrid e o Chelsea.

Não só não eram melhores, nem mesmo jogaram melhor nas decisões, embora, contra os espanhóis, antes da final, no Morumbi, o Corinthians tenha sido superior no empate por 2 a 2.

Mas tanto o São Paulo, como o Inter, quanto o Corinthians venceram, sempre por 1 a 0, e com exuberantes atuações dos goleiros Rogério Ceni e Cássio, os melhores em campo no caso dos paulistas, e muito boa também de Clemer, do Colorado, embora o luso-brasileiro Deco, do Barça, tenha sido eleito o nome do jogo.

E Mineiro, com seu gol, entrou para a história são-paulina, como Gabiru, com o dele, entrou para a colorada, dois jogadores sem o currículo de Guerrero, o autor do tento corintiano.

Tudo isso para dizer que o Grêmio pode e que enfrentará um adversário mais ressabiado do que se tivesse goleado, como fez por merecer, o Al Jazira.

É claro que se trata de uma faca com dois legumes, como diria o eterno presidente corintiano Vicente Matheus: menos seguro de um lado, mais concentrado do outro.


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