Folha de S. Paulo


O que a premiação de Jô significa sobre o nível do futebol jogado no Brasil

Andre Penner/AP Photo
Ossada suspeita de ser de João Leonardo da Silva Rocha, morto na ditadura militar, é exumada em Palmas do Monte Alto (BA)
O centroavante Jô, eleito craque do Brasileirão deste ano

Desde 2005, ano em que a CBF começou a escolher o craque do Brasileirão, pela terceira vez um centroavante é o escolhido.

Jô, do campeão Corinthians, artilheiro ao lado de Henrique Dourado, do Fluminense, foi o eleito da CBF, assim como ganhou a Bola de Ouro e a de Prata da ESPN Brasil.

Com 1,89m e 30 anos, Jô renasceu para o futebol nesta temporada, mas jamais esteve na lista de convocados por Tite para a seleção brasileira e nada indica que pense nele para disputar a Copa do Mundo, embora diga que ainda há vagas.

Antes de Jô, no ano passado, o menino Gabriel Jesus foi o craque do campeonato, como Fred havia sido em 2012. Fred disputou a Copa de 14 e Gabriel Jesus deverá ser o titular na de 18.

Jô esteve na disputada no Brasil, na reserva justamente de Fred, participou de 20 jogos com a camisa amarela, quase sempre vindo do banco, e marcou com ela cinco gols.

Na constelação de craques do Brasileirão, encontramos nomes consagrados como os de Carlitos Tévez, Rogério Ceni (duas vezes), Hernanes, Diego Souza, Conca, Neymar, Everton Ribeiro (também duas vezes) e Renato Augusto, além dos citados Fred e Gabriel Jesus.

Não causa estranheza que o craque de 2017 não esteja na seleção?

Aliás, do time eleito pela entidade, o goleiro santista Vanderlei também não está, como não estão os laterais corintianos Fagner e Guilherme Arana, o zagueiro gremista Geromel, os meio-campistas Bruno Silva, do Botafogo, Hernanes, do São Paulo, Arthur, do Grêmio, e Thiago Neves, do Cruzeiro, além do também artilheiro Henrique Dourado.

Trata-se de óbvio atestado de pobreza para o futebol jogado no país.

Como cada um tem seus preferidos, eu não deixaria de fora da Copa russa Geromel, Arthur, Luan, estranhamente fora dos escolhidos pela CBF, como levaria Hernanes e...Jô.

Sim, Jô.

Quando, ainda no primeiro turno do Campeonato Brasileiro, o comentarista Walter Casagrande falou nele, o mundo quase veio abaixo. Não faltaram desqualificações ridículas como a de atribuir a opinião ao fato de Casão ter sido jogador do Corinthians e por aí afora.

Entre Jô e Diego Souza, em 2017, não cabe dúvida: o alvinegro jogou muito mais. Entre ele e Roberto Firmino é justo que Tite balance, mas a maior rodagem de Jô pode ser decisiva.

Se será, só Tite sabe, além de ser preciso ver como Jô estará na temporada que vem.

Mas se não é função do técnico da seleção adoçar o Brasileiro, um olhar mais atento para os que se destacam por aqui não chega a ser pedido exagerado.

Para que não se decrete, de vez, que o campeonato nacional é, no máximo, da segunda divisão do futebol mundial. Temo que seja.

FLAMENGO ATÉ MORRER

Na quarta-feira (13), no Maracanã lotado, o Flamengo receberá o envolvente Independiente em busca de uma vitória por dois gols de diferença para fechar o ano internacional do futebol brasileiro com chave de ouro: seleção campeã das eliminatórias, Grêmio campeão da Libertadores e só falta o Flamengo.

Será sim o chamado jogo do ano para o rubro-negro, aquele que vale disputar com o coração na ponta da chuteira, de "jugar a morir", como dizem os hermanos.


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