Folha de S. Paulo


Empate com a Inglaterra teve só um mérito: botar a seleção em seu lugar

Carl Recine/Reuters
Seleção brasileira empatou coma Inglaterra em seu último jogo em 2017
Seleção brasileira empatou coma Inglaterra em seu último jogo em 2017

NADA CONTRA, por princípio, empates sem gols.

Há alguns memoráveis, como, por exemplo..., não me lembro.

Brincadeira.

Houve mesmo muitos e até entre as seleções brasileira e inglesa, na Copa do Mundo de 1958.

O de terça-feira (14), no estádio de Wembley, com 84 mil torcedores, público impossível em qualquer estádio brasileiro, não está entre eles.

O time nacional empacou diante de um esquema que Tite conhece bem, porque cansou de botá-lo em execução no Corinthians de 2011 e com ele venceu os ingleses do Chelsea na final do Mundial de clubes, no ano seguinte, por 1 a 0 e excepcional atuação do goleiro Cássio.

O English Team não poderia mesmo jogar diferentemente do que jogou, com uma defesa compacta, um ônibus de dois andares, daqueles londrinos mesmo, à frente da área.

Caberia aos brasileiros resolver como entrar em bloqueio tão fechado, mas, numa noite pouco inspirada e excessivamente individualista de Neymar, embora por duas vezes tenha posto Philippe Coutinho e Paulinho na cara do goleiro Joe Hart, um dos poucos titulares dos anfitriões, não foi possível.

O jogo pelos flancos ficou prejudicado pela forte marcação nos laterais Daniel Alves e Marcelo e tanto Neymar quanto Coutinho insistiram em tentar entrar pelo meio.

Nem se tivessem uma britadeira.

De tudo ficou a lição na primeira experiência do grupo de Tite contra os europeus: o futebol jogado deste lado do mundo é insuficiente para superar o europeu.
Mesmo em se tratando de um time jovem como o britânico e pouco cotado para a Copa da Rússia.

Tite preferiu ver em campo o time que tem na conta de titular e há de ter aumentado sua dúvida entre Renato Augusto e Fernandinho, porque depois da substituição do primeiro pelo segundo o time nacional cresceu, embora se possa debitar ao desgaste do rival.

Antes da Copa a seleção enfrentará a Rússia e a Alemanha, em março, e tomara que os atuais campeões mundiais joguem completos em Berlim, embora seja improvável porque, normalmente, eles preferem não dar a mesma importância dada por nós em jogos desse tipo.

Empatar com os ingleses foi melhor para eles que para nós.

COPA INCOMPLETA

A ausência da Itália no grande festival quadrienal do futebol em 2018 abre lacuna impreenchível.

Não que os tetracampeões mundiais tenham merecido, porque ficaram longe disso ao serem incapazes de marcar um mísero golzinho na apenas esforçada seleção da Suécia.

Somada à falta que fará a seleção da Holanda, fica a sensação de incompletude, como se a Copa fosse menos Copa do que deveria ser.

Alemanha, Argentina, Brasil, Espanha, França, Inglaterra e Itália deveriam ter lugar cativo nas Copas do Mundo, porque do clube dos campeões mundiais.

Sei que parece favorecimento e é.

Que não orna para quem vive defendendo a meritocracia e não a hereditariedade.

Só que o futebol tem dessas coisas.

Os descendentes de Giuseppe Meazza, bicampeão mundial em 1934/38, além de Paollo Rossi, campeão em 1982, e Andrea Pirlo, em 2006, não merecem ver a Copa pela TV, como fará o Marco Polo que não viaja, cada vez mais complicado no julgamento em Nova York.


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