Folha de S. Paulo


O jogo contra o Japão valeu como teste para a seleção brasileira?

Lucas Figueiredo/CBF/Divulgacao
Marcelo comemora com companheiros em amistoso entre Brasil e Japão
Marcelo comemora vitória do Brasil com companheiros em amistoso contra o Japão

O jogo contra o Japão valeu como um verdadeiro teste para a seleção brasileira?

No primeiro tempo, talvez, principalmente para o lateral Danilo que substituiu muito bem o titular indiscutível Daniel Alves.

Jemerson acabou prejudicado pela falta que sofreu no gol japonês, mas ficou a impressão de que bobeou no lance, embora seja pouco para tirar conclusões definitivas.

São apenas dois exemplos para discutir o que realmente interessa: se é válido jogar contra uma escola mais fraca como a asiática pelo simples fato de enfrentar sua correria e virilidade ingênuas; se faz sentido fazer seis substituições no segundo tempo, desmontar o entrosamento e simplesmente manter a vantagem de três gols.

De que valeu a entrada de Douglas Costa, um jogador precioso, aos 28 minutos da etapa final?

Fica sempre a impressão de que o receio de perder um jogo contra adversário menor impede que se façam testes de verdade.

Na sexta-feira (10), se deu para observar o que Fernandinho é capaz de fazer no lugar de Renato Augusto, e os limites de Giuliano, de resto pouco valeu, porque teria sido melhor manter o time que saiu jogando.

Talvez até sem Neymar, porque irritadinho como anda, cheio de não me toques e olhares irônicos para a arbitragem, é muito provável que desfalque o time na Copa do Mundo –e dada a sua inegável importância técnica será preciso não depender tanto dele.

Não fosse assim, o terceiro melhor jogador do planeta não estaria na berlinda, tendo de se explicar como na entrevista coletiva depois da partida na França.

Mais pareceu uma sessão de terapia de grupo em público, culminando até com choro do craque.

Depois de um amistoso contra o frágil time japonês?!

De duas, uma: ou estamos diante de uma tempestade em copo d'água ou, de fato, o processo de amadurecimento dele está mais lento do que seria desejável, lembrando que Neymar já tem 25 anos.

Voltando a testar com a cabeça, persiste a dúvida sobre se certos jogos valem mais que os treinamentos, interrogação que certamente não caberá em relação ao próximo amistoso, na terça-feira (14), contra a Inglaterra.
Porque, francamente, o segundo tempo contra o Japão não passou de uma enorme inutilidade, um porre que deveria ser evitado em nome de observações para valer.

Certeza mesmo só sobre o desrespeito mais uma vez aos clubes brasileiros.

Negar o pedido do Corinthians pela liberação de Cássio, depois que seu reserva, Walter, se machucou, é um absurdo cometido contra quem paga o salário do jogador.

Tirar Diego Souza do Sport, que luta para não cair, é outro, ainda mais que nem o goleiro nem o atacante são titulares, apesar de o rubro-negro estar devidamente substituído por seu reserva imediato.

Obviamente a CBF jamais admitirá que os clubes são mais importantes que a seleção, mas não precisa exagerar, embora a entidade viva de cafetinar a camisa amarela em vez de prestigiar o Campeonato Brasileiro, em tese seu maior produto.

Verdade, também, que a maior responsabilidade é dos clubes, incapazes de criar a Liga para organizar seus torneios e estabelecer os limites do relacionamento com a CBF e sua seleção.


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