O DÉRBI do domingo, na Arena Corinthians, tinha tudo para ser dos mais sensacionais dos últimos tempos.
Verdade que o clássico de maior rivalidade em São Paulo não precisa de muitos ingredientes para gerar expectativas antes, emoções durante e polêmicas depois.
Mas é inegável que o empate entre Palmeiras e Cruzeiro jogou água na fervura que se esperava para o embate que poderia trocar a liderança do Brasileiro caso o Palestra paulista tivesse vencido o mineiro e, depois, ganhasse do Corinthians para assumir o primeiro lugar.
Haveria corintiano sem dormir de preocupação e palmeirense insone pela ansiedade.
Mas não.
O Corinthians ganhou com o 2 a 2 na casa verde a certeza de que mesmo se vier a perder ainda assegurará o topo da tábua de classificação, dois pontos à frente do grande rival.
E de certo modo transferiu a responsabilidade prevista para ser toda dele caso não pudesse correr o risco da derrota para o adversário.
Inegável o alívio alvinegro.
Indiscutível a frustração alviverde.
Mesmo que mais uma vez o Palmeiras tenha jogado bem, no que foi, talvez, o melhor jogo do Brasileiro já em sua 31ª rodada.
Méritos inegáveis do time surpreendido por gol contra de Juninho logo no começo do jogo e que voltou a ficar atrás no segundo tempo, quando mais uma vez o zagueiro falhou ao perder a bola para De Arrascaeta no meio de campo e possibilitar o lançamento para Robinho fazer valer a "lei do ex" e marcar 2 a 1.
Nem assim o Palmeiras se apavorou, apesar de ter abusado dos cruzamentos sobre a área cruzeirense, e foi capaz de buscar o empate, graças à ressurreição de Borja, o colombiano que o técnico Alberto Valentim recupera na base de muita conversa e de botá-lo para jogar, coisa que Cuca não fez.
O Corinthians em viés de baixa enfrentará o Palmeiras em ascensão, mas não mais com a faca e o queijo nas mãos.
Com três derrotas e um empate em seus últimos quatro jogos terá, a exemplo de Borja, de ressuscitar.
Só uma vitória, por mais que o empate não seja ruim, poderá devolver a confiança para encarar as seis rodadas restantes e definidoras do campeonato.
Era para estarmos vivendo aquele clima de final antecipada e não se trata mais disso, nem mesmo se o Corinthians ampliar para oito pontos sua vantagem sobre o Palmeiras, até porque, com menos credibilidade, o Santos também ainda está na parada.
O que era para ser estado de pura tensão virou espera de mais um Dérbi, o de número 354 na história, com 125 vitórias esmeraldinas, três a mais que as corintianas.
Pelo Campeonato Brasileiro será o 49º, 16 a 15 para o Palmeiras.
Epa! Se o Verdão não pode mais empatar em pontos com o Timão no campeonato, o Alvinegro pode empatar com o Alviverde no retrospecto do Brasileiro.
Eis aí mais um ingrediente para o Dérbi.
Embora, cá entre nós, precisar não precisava.
Porque nunca houve, nem haverá, um Corinthians x Palmeiras banal.
Apenas seria mais gostoso se a diferença entre ambos fosse de apenas três pontos.
Seja como for, o resultado do jogo não definirá o torneio que parecia já ter dono. Viva o campeonato de pontos corridos!