Folha de S. Paulo


Carille sempre disse que o Brasileiro só seria decidido no final e estava certo

Avener Prado - 12.jan.2017/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 12-01-2017: Fábio Carille, 43 anos, treinador do Sport Club Corinthians Paulista, durante entrevista no CT do time. (Foto: Avener Prado/Folhapress, ESPORTE) Código do Fotógrafo: 20516 ***EXCLUSIVO FOLHA*** ORG XMIT: AGEN1701121515579391 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O técnico do Corinthians, Fábio Carille

A enorme vantagem aberta pelo Corinthians ainda no primeiro turno do Brasileiro jamais impressionou o treinador Fábio Carille.

Por modéstia, despiste, prudência ou cálculo, a cada rodada quando todos já davam o time como campeão ele repetia, feito mantra, que pensava jogo a jogo e que queria ver a equipe chegar perto do fim em meio aos concorrentes ao título. Se estivesse em primeiro lugar, melhor.

Pois faltam só oito rodadas e o alvinegro segue no topo da tábua de classificação, seis pontos adiante de Palmeiras e Santos, num mini-Paulistão, agora sim, no aumentativo, para ver quem chega à frente.

O técnico tem razão também quando diz que não é hora de mudanças táticas, de fazer experiências, porque seria apenas motivo para insegurança do grupo.

O que não impede constatações óbvias, embora impossíveis de serem corrigidas em pleno voo.

Tirante nas posições que evitam e fazem gols, a queda de desempenho dos titulares é evidente.

Cássio segue bem, mas desfalcará o time, por estar na seleção brasileira, em três rodadas, a 33ª, 34ª e 35ª, contra o Atlético-PR, na Arena da Baixada, e Avaí e Fluminense, em Itaquera.

Jô, com dois cartões amarelos, dificilmente passará incólume em oito jogos.

Se não bastasse, Fagner, que já não justificava as convocações de Tite, anda de crista baixa e na outra lateral, a esquerda, é visível como Guilherme Arana deixou de ser decisivo, fruto da natural irregularidade de um jovem em começo de carreira.

Na defesa, é possível, no condicional, que a volta de Pablo restabeleça o ótimo entrosamento com Balbuena, para que a bola aérea não siga como tormento para zaga.

Não que Pedro Henrique tenha culpa de coisa alguma, apenas não está à altura do companheiro ultimamente ausente.

Só que o problema maior está no meio-campo -além de aparente diminuição de preparo físico, perceptível na lentidão da recomposição defensiva, uma das principais armas no primeiro turno, como as triangulações pelos cantos do campo.

Para tanto colabora, a exemplo de Arana, o declínio de Maycon, a péssima fase de Jadson, a sobrecarga inevitável de Rodriguinho e o fato de Romero ter voltado a ser o de quase sempre, como se fosse seu irmão gêmeo o jogador do turno.

Gabriel é Gabriel, cão de guarda, menos faltoso do que já foi, mas, ainda assim, capaz de abusar das faltas e dos cartões amarelos.

Como se sabe, o próximo adversário do líder é a Ponte Preta, em Campinas, repeteco da decisão do Paulistinha, mas jogo muito mais dramático e importante –os corintianos em busca de um pouco de paz que os seis pontos ainda asseguram e os pontepretanos no desespero da zona do rebaixamento.

Sem alterar fundamentalmente coisa alguma, Carille terá de ousar.

Talvez com Marquinhos Gabriel pelo meio no lugar de Jadson e com Clayson na vaga de Romero, por mais que o paraguaio seja abnegado como marcador.

Será difícil ver o Corinthians jogar como campeão daqui por diante, porque deixou de jogar assim há 11 rodadas.

Resta agora gerenciar a vantagem, como um gerentão cuida da poupança que se esvai.

Porque ter razão não garante ter a taça.


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