Folha de S. Paulo


Seleto clube dos campeões mundiais para a Rússia-18 está quase completo

Henry Romero/Reuters
Messi comemora seu gol na vitória da Argentina sobre o Equador, pela última rodada das eliminatórias sul-americanas
Messi comemora seu gol na vitória da Argentina sobre o Equador, pela última rodada das eliminatórias sul-americanas

Sete dos oito campeões mundiais estão garantidos na Copa da Rússia. Resta apenas a Azzurra confirmar presença.

O deus dos estádios atendeu as preces dos apaixonados e garantiu as presenças de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo no Mundial.

Em Lisboa, sem dramas, porque desde o início Portugal se impôs à Suíça e mesmo com o CR7 em noite apagada construiu o 2 a 0 com sabedoria. Os atuais campeões europeus vão à Copa com todos os méritos.

Já em Quito quase teve drama para os argentinos.

Ninguém leva um gol com 38 segundos de jogo como eles levaram e não se abala. E eles se abalaram, menos um: o gênio de Lionel Messi.

Que empatou o jogo em 13 minutos e o virou em 20, magistralmente, com dois chutes tão certeiros como o do terceiro gol, já no segundo tempo, quando a altitude pesava e ele aliviou a vida Argentina.

Lionel Messi, enfim, teve uma noite de Diego Maradona para, como se diz, calar os críticos.

Carregou o time nas costas como se dissesse aos dez companheiros: "Se vocês não fazem questão de ir à Rússia, eu faço. E vou!". E vai, felizmente para todos nós, ele vai.

Messi, além do mais, teve um gesto que fazia tempo os estádios não testemunhavam.

Ao empatar o jogo, resultado ainda insuficiente, correu para pegar a bola no fundo da rede e saiu gritando com os compatriotas: "Vamos, vamos!". E foram, felizmente para todos nós, eles foram.

Como já sabíamos que iremos nós, os brasileiros.

Como ainda há dúvida se irão os únicos sócios do seleto clube dos oito campeões mundiais, os italianos da Azzurra, a quem caberá disputar dois jogos na repescagem europeia.

No próximo dia 17 saberão se contra uma das duas Irlandas, a Suécia ou a Grécia.

Que o bom humor do deus dos estádios não nos prive de tê-los no grande festival quadrienal do futebol.

Já os encontramos em Marselha, em 1938, e eles venceram, por 2 a 1.

Voltamos a vê-los, na Cidade do México, em 1970, e os goleamos na final por 4 a 1.

Em Buenos Aires, em 1978, na disputa do terceiro lugar, nova vitória, por 2 a 1.

Veio, então, em 1982, em Barcelona, a chamada "Tragédia do Sarrià", na derrota por 3 a 2, vingada com outro 3 a 2, mas nos pênaltis, na final da Copa de 1994, em Los Angeles, depois do 0 a 0 em 120 minutos sob calor desumano.

Hoje é impossível imaginar novo embate em Moscou, numa terceira finalíssima, menos pela seleção brasileira, mais pelo momento deles.

Alemanha, França, Espanha, ou até mesmo a Bélgica, são forças superiores no panorama europeu.

Daqui a oito meses, quem sabe?

O que sabemos do time de Tite é promissor, sem ufanismo, porque uma Copa no Velho Mundo, com exceção da de 1958, na Suécia, conquistada por Didi, Mané e Pelé, sempre fica no continente.

Contra o Chile eliminado o time brasileiro fez segundo tempo convincente outra vez, depois de 45 minutos iniciais que deixaram clara a falta que Marcelo faz no apoio, para conversar com Neymar, para armar e triangular pelo lado esquerdo do ataque, para botar a bola onde desejar graças ao seu inesgotável talento e maturidade.

Muita água rolará até a Copa, mas nada que impeça imaginar uma disputa em altíssimo nível. Amém.


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