Folha de S. Paulo


Santos enfrenta Corinthians para saber se ainda pode pensar no título

Guilherme Dionizio/Folhapress
O técnico Levir Culpi comanda treino do Santos no CT Rei Pelé, litoral de SP, antes da partida contra o Atlético-MG, pelo Brasileiro
O técnico Levir Culpi, do Santos, tentará surpreender o líder Corinthians

Se o Santos quer seguir sonhando com seu terceiro título brasileiro neste século, precisa ganhar do Corinthians neste domingo na Vila Belmiro.

Não vale nem empatar, porque a manutenção de 12 pontos de diferença para o líder, depois de enfrentá-lo, é distância praticamente insuperável.

Se perder, então, despede-se de vez porque 15 pontos equivalem a cinco rodadas, ao passo que nove, em caso da imprescindível vitória, acende aquela luzinha da esperança.

Sempre favorito na Vila Belmiro, a vitória santista será resultado rigorosamente normal, embora vá significar um começo de segundo turno desastroso para o Corinthians, pois redundará na terceira derrota em quatro jogos.

Não tivesse o alvinegro da capital perdido em casa para os rabeiras Vitória e Atlético-GO e uma derrota no clássico seria absorvida com naturalidade. Só que, agora, não.

Importa menos ao líder, embora importe, o tamanho da vantagem para seus perseguidores.

O mais relevante é a necessidade de mostrar que o acontecido diante de adversários menos qualificados foram acidentes e não queda de rendimento preocupante.

Após duas semanas de descanso, os dois times têm uma pequena maratona com cinco jogos para cada um nas duas outras próximas semanas, porque, além do Brasileirão, o Santos terá o Barcelona, pela Libertadores, e o Corinthians enfrentará o Racing, pela Sul-Americana, nas quartas-feiras (13 e 20) seguintes.

A desvantagem santista está em que o seu jogo neste meio de semana será no Equador, em Guayaquil, ao passo que o Corinthians jogará em Itaquera contra os argentinos.

Se couber a um dos times economizar energia, mesmo em busca de ritmo de jogo depois da longa parada, este será o caso do Santos, dada a importância muito maior da Libertadores.

Tudo ponderado, os praianos terão a torcida dos demais 18 times do campeonato.

RETRATO DO BRASIL

O primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil retratou fielmente em que estágio está o futebol brasileiro, dentro de fora do campo: pré-histórico.

Fora do Maracanã, palco das finais da Copa do Mundo de 1950 e de 2014, bombas de efeito moral da PM, correria, invasões, ingressos falsos, a habitual incapacidade para se organizar um jogo para 66 mil torcedores.
Ainda fora do estádio, nos gabinetes da CBF, regulamento que não permite a inscrição de novos jogadores, com gol qualificado até as semifinais e sem ele na decisão –além de 20 dias entre os jogos de ida e volta.

No gramado, registre-se, aparentemente perfeito, muita luta e pouca técnica.

Para saírem os gols do empate entre Flamengo e Cruzeiro foram necessários dois erros gravíssimos –um da arbitragem ao validar o gol rubro-negro em impedimento e outro do goleiro carioca no tento mineiro.

Some a tão pouco duas ótimas defesas do goleiro cruzeirense Fábio, outra do desafortunado Thiago, e pronto! Eis o que restou do tão aguardado embate que começou a decidir o segundo torneio mais importante do país, jogo de volta marcado para o próximo dia 27, no Mineirão, oxalá capaz de oferecer um espetáculo de maior qualidade.

Se o Marco Polo viajasse talvez se inspirasse.


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