Folha de S. Paulo


Chocante Choque-Rei!

Ricardo Nogueira/Folhapress
Willian comemora um de seus dois gols na vitória do Palmeiras sobre o São Paulo por 4 a 2
Willian comemora um de seus dois gols na vitória do Palmeiras sobre o São Paulo por 4 a 2

O Choque-Rei prometia drama para dois times em crise e entregou muito mais.

Entregou meia dúzia de gols num clássico disputado até o fim e no qual o 4 a 2 até mente um pouco sobre seu desenrolar. Porque quando estava 2 a 2 o São Paulo teve duas chances claras para fazer o terceiro gol, com Rodrigo Caio e Hernanes, e desperdiçou o contra-ataque que permitiu o do Palmeiras para desempatar a partida.

Nem pareceu mesmo que os dois times precisavam da vitória como oxigênio para enfrentar duas semanas sem Brasileiro, com calma e em paz.

Porque o jogo foi disputado com extrema lealdade e disciplina, além de inteligentemente por quem sabe ser inferior, o Tricolor paulista, e pelo mandante.

Mais de 33 mil torcedores viram um clássico surpreendente pelas reviravoltas no placar, depois que o São Paulo fez 1 a 0, tomou a virada e empatou ainda no primeiro tempo.

Sim, também teve drama, mas não propriamente com a bola em jogo. Por causa da joelhada de Hernanes em Lucas Pratto, o centroavante argentino que dera o primeiro gol a Marcos Guilherme logo no 12º minuto.

A cena foi mesmo assustadora, felizmente sem maiores consequências depois que o atacante teve socorro imediato e condução ao hospital pela ambulância -que virou obrigatória nos estádios depois do Estatuto do Torcedor.

Ainda no primeiro tempo um choque de cabeças entre Edu Dracena e Rodrigo Caio preocupou, mas o palmeirense, depois de levar a pior, prontamente se restabeleceu.

Se o segundo tempo teve menos emoção, não perdeu em inteligência, com os dois times em busca da vitória. Os anfitriões, na pressão, para manter o quarto lugar que o Flamengo lhe tomava; os visitantes, fechados, para sair da zona do rebaixamento com uma investida bem-sucedida.

E teve a chance três vezes, a primeira incrivelmente desperdiçada por Rodrigo Caio na pequena área alviverde; a segunda nos pés de Hernanes que havia feito o gol de empate, seu sexto em seis jogos depois da volta ao Soberano em fase subalterna, e a terceira quando Marcos Guilherme abusou do egoísmo, foi desarmado por Edu Dracena que armou o contra-ataque até chegar nos pés de Keno para fazer 3 a 2.

Keno que substituíra Bruno Henrique em jogada ousada de Cuca, inconformado com o empate, fruto, do lado verde, de dois gols de Willian, o segundo belíssimo, ao completar no ângulo do inseguro, com os pés, goleiro Sidão, uma caneta em Jucilei, em drible (ou seria "dibre"?) que Berrío assinaria.

Para coroar o Choque-Rei, honrar seu nome e para desmentir o "cucabol", de pé em pé, Tchê Tchê virou o jogo espetacularmente da direita para esquerda onde Willian encontrou Hyoran para fechar o marcador em 4 a 2.

Quem chegasse de outra monarquia e não soubesse da classificação dos dois times no Campeonato Brasileiro não diria que um está apenas em quarto lugar, nem muito menos que o outro está entre os últimos colocados.

Ao jogar com a bola no chão o Palmeiras mostrou que pode fazer um segundo turno muito melhor que o primeiro.

Ao São Paulo restou a esperança de não perder a tranquilidade para buscar a saída do buraco se mantiver o bom futebol. Condições para tanto, tem.


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