Folha de S. Paulo


Berrío reviveu nossa esquecida marca registrada

Divulgação/Flamengo
08.02.2017 -Flamengo. Berrio. Foto Divulgacao/Flamengo ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O colombiano Orlando Berrío em entrevista

O "dibre", chamado pelos cultos de drible, sempre esteve no DNA do futebol brasileiro.

Os mais velhos se lembrarão de Luisinho, o Pequeno Polegar do Corinthians, que pisava na bola, a deixava parada no gramado, acompanhava seu marcador sem ela por um metro e voltava para buscá-la.

De Mané Garrincha nem é preciso lembrar, porque até quem ainda não nasceu sabe que jamais alguém dibrou, ou driblou, como ele.

Mais recentemente Ronaldo Fenômeno foi autor de dibres desconcertantes e lembrou Pelé que os aplicava em disparadas alucinantes.

Prova de que não é preciso ser pequeno como Luisinho, 1,65 m, nem ter as pernas tortas como Garrincha.

Ronaldo é alto, 1,83 m, e Pelé um atleta perfeito, a ponto de Paulo Amaral, preparador físico da seleção bicampeã mundial, na Suécia e no Chile, em 1958/62, garantir que, graças à curvatura de seus pés, ele seria recordista mundial dos 100 m se dedicado ao atletismo.

O colombiano Orlando Berrío também é forte e alto, com 1,82 m.

Com a camisa rubro-negra do Flamengo, no palco de Mané e Pelé, apenas num lance, quando seria substituído como foi, de calcanhar, aplicou um dibre, ou drible, da vaca, em Victor Luis, do Botafogo, e deu para
Diego o gol que valeu classificação à final da Copa do Brasil.

O lateral esquerdo de ascendência lituana, Zamblauskas no sobrenome, entra para a história do futebol brasileiro como o goleiro argentino Andrada, vítima do 1.000º gol de Pelé, ou como o volante Amaral, que até hoje procura desentortar a coluna depois que, no Pacaembu, num Corinthians x Flamengo, em 1999, Romário aplicou-lhe elástico, como fazia Rivellino, e fez um golaço, no último grande dibre do Século 20.

Flamengo e Botafogo faziam um jogo chocho, sem grandes emoções ou chances de gol, até que ele teve a ousadia de desmontar, com arte, a força defensiva do rival.

"Berrío corre pra lá

Berrío toca pra cá

Victor, o bote é pra já!

Já era, nem viu passar", sintetizou em haikai o ex-ombudsman desta Folha, Mário Magalhães, repórter de primeira, biógrafo premiado, tocado pelo gol que Berrío proporcionou, encantado a ponto de versejar, porque o dibre tem razões que até a língua portuguesa, inculta e bela, desconhece.

Tomara que Berrío inspire outros a seguir sua ousadia.

Como fez Jonathan, do Furacão, contra o Corinthians, em jogo recente no Itaquerão, ao fazer fila na quase impenetrável defesa alvinegra como faz Neymar.

Porque, como o gol, o dibre é fundamental.

MARCAS

Jô ter marcado, em Chapecó, o gol 500 do Brasileirão, é coincidência.

Ter feito o seu 12º no torneio, não.

Como não é o fato de o Corinthians ter sido o único time do G4 a vencer pelo menos uma vez nas duas primeiras rodadas do segundo turno, pois o Grêmio perdeu e empatou, o Santos só empatou e o Palmeiras empatou e perdeu, em casa e para a Chapecoense padecendo de jet lag.

CHOQUE-REI

Na tabela quem mais precisa de pontos é o São Paulo.

No ambiente é o Palmeiras.

Aos palmeirenses restaram ficar no G4, afundar, hoje e em casa, o São Paulo na ZR, e depois ganhar do maior rival na Arena Corinthians.


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