Folha de S. Paulo


Nascido para brilhar, Neymar pode ir de príncipe a rei em Paris

O PSG já recebeu todos os tipos possíveis de jogadores brasileiros.

Os de boa cabeça e futebol eficiente, como Abel Braga e Ricardo Gomes, capazes de se colocar dentro e fora dos gramados.

Os também de cabeça boa e futebol ainda melhor, como Raí, ou de cabeça até superior ao bom futebol, como Leonardo.

Recebeu ainda uma cabecinha ruim com futebol genial como Ronaldinho Gaúcho.

Qual será o lugar ocupado por Neymar no futuro do PSG?

Por enquanto, está mais para Ronaldinho, mas, quem sabe, possa amadurecer em Paris agora que tem um time para chamar de seu e nenhuma sombra, a não ser o pai superprotetor e super trapalhão, para dizer o mínimo.

É impressionante como Neymar virou o centro da atenção do mundo do futebol ao sair do Barcelona para o PSG.

Poderia, é certo, e deveria, sem dúvida, ter saído de maneira mais leal como não fez no Santos.

Excessivamente mimado e voltado para o próprio umbigo, deixa-se levar pelo Neymar mais velho.

Mesmo assim, quando pega a bola faz com que todos se esqueçam das trapalhadas financeiras, das palavras vazias usadas para dizer que não é movido por dinheiro, nem pela ambição de, como protagonista, vir a ser o número 1.

Pois se não bater nele a mesma tentação que fez Ronaldinho trocar uma carreira longeva como melhor do mundo pelas delícias da vida de popstar, o céu será o seu limite.

Se a Espanha tem três reis -Felipe VI, Ronaldo III e Lionel I- a França já tem seu príncipe e uma casa para ele brilhar ainda mais que em Camp Nou, porque no Parque dos Príncipes a vida será menos competitiva e ele jogará como bem entender, com seus gols esfuziantes, com cobranças de escanteio de trivela, até com carretilhas ou lambretas -desde que escolha em quem aplicá-las, para não ser atropelado por um mastodonte que o quebre ao meio.

Verdade que Neymar parece de borracha, embora tenha vértebras como todos nós, quebráveis, como sabem o colombiano Zúñiga e os alemães que golearam a seleção brasileira na sua ausência no Mineirão.

O risco de Neymar virar Ronaldinho parece pequeno até a próxima Copa do Mundo, a menos de um ano.

Para seu projeto de desbancar os reis que estão na Espanha dar certo ele sabe que precisará brilhar mais em Moscou do que em Paris.

Terá 26 anos no ano que vem e 30 na Copa do Qatar, se, de fato, houver Copa por lá.

Caso saia da Rússia com a taça, terá motivação para seguir seriamente na carreira ou dará os trâmites por findos e tratará de gozar a vida na plenitude da idade?

Caso o hexacampeonato não venha, que é o mais provável, na Europa, e com a Alemanha de olho no penta, será paciente para buscar a coroa já maduro?

A chave da resposta está na palavra maduro.

Como dono do PSG, o que jamais seria no Barça, Neymar deixará de ser o garoto mimado para virar gente, para virar adulto de fato, virar homem e rei?

Tecnicamente um escândalo como jogador, saberá aproveitar os encantos da fortuna e da fama sem perder de vista sua atividade principal?

Ou o pagode, o champanhe e o amor desinteressado prevalecerão?

O parque de Neymar será apenas de diversões ou real?


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