Folha de S. Paulo


No centenário de Saldanha, Botafogo tenta, mas não tira pontos do líder

Alan Morici/FramePhoto/Folhapress
Jô comemora com Rodriguinho o gol da vitória do Corinthians sobre o Botafogo, em Itaquera
Jô comemora com Rodriguinho o gol da vitória do Corinthians sobre o Botafogo, em Itaquera

João Saldanha se recusaria a soprar as 100 velinhas a que tem direito neste 3 de julho.

Porque o seu Botafogo resistiu bravamente como se tivesse sangue maragato, como ele.

Até pênalti inexistente o goleiro Gatito Fernandez defendeu, ao impedir que Jô abrisse o placar.

Mas jogou sem sua força máxima porque tem Libertadores no meio da semana e tratou de se defender. Barbada, diria o João.

A recusa em atacar o líder Corinthians, mais cedo ou mais tarde, daria no que deu. Em vez da Estrela Solitária, brilhou a do técnico Fábio Carille mais uma vez.

Ao lançar mão de Pedrinho quando o segundo tempo já passava dos 30 minutos nem ele poderia prever que o garoto teria a audácia de dar um chapéu na entrada da área para passar a bola e Jô se reencontrar com uma grande defesa de Gatito.

Só que a bola sobrou para Rodriguinho fazer o gol da vitória, frustrado por nova defesa impressionante do goleiro paraguaio.

O que é do homem o bicho não come, o João diria para milhões de ouvintes. Porque a bola voltou aos pés de Jô, e daí não teve jeito: Corinthians 1 a 0, como era óbvio e justo.

Quando Saldanha embarcou em cadeira de rodas para sua última cobertura na Copa da Itália, em 1990, encontrou no saguão do aeroporto do Galeão com um velho jornalista que lhe fez a pergunta de praxe: "Tudo bem, João?".

Ele não titubeou: "Tá, tá tudo bem. Estou nesta cadeira só de sacanagem."

Também diria neste domingo (2) que seria uma enorme sacanagem se o Corinthians não ampliasse sua diferença para sete pontos, duas rodadas, em relação ao vice-líder Grêmio.

Porque se o líder teve paciência durante os 30 minutos iniciais para tentar se livrar da retranca do Glorioso, os últimos 15 foram de impaciência e até risco de sofrer gol o Corinthians correu. No segundo tempo, não.

Carille teve a coragem que o João teria para tirar Gabriel e botar Marquinhos Gabriel em seu lugar.

Bastou para o Timão alugar o campo carioca e no embalo de mais de 40 mil fiéis empurrar o Botafogo para dentro da área e fazer Gatito trabalhar até furar o bloqueio com o gol que o mantém em situação privilegiada no topo do tabela.

João chamaria Jair Ventura no canto e o alertaria para a necessidade de não abrir mão de atacar, embora reconhecesse que o Botafogo não poderia fazer mais do que fez.

Como não deixaria de observar para este que vos escreve: "Tudo bem, freguês, dessa vez você venceu. Mas tome cuidado.

Tem muito campeonato pela frente e o meu Grêmio, o Flamengo, o Palmeiras e o Galo vêm aí".

Vida que segue.

E O SÃO PAULO?

Bem, o Tricolor está onde se temia que pudesse estar: no rebaixamento, graças a gols de velhos conhecidos, os ex-corintiano e santista, Guerrero e Diego, na estreia de Petros.

Perder para o Flamengo na Ilha do Urubu é perfeitamente normal. O que não é normal é ver o São Paulo na situação em que está, ainda mais porque o próximo adversário é o Santos, na Vila Belmiro. Pelas barbas do profeta, diria Silvio Luiz, irreverente como Saldanha.

A ALEMANHA?

Ganhou de novo. Com um time novo, só para meter medo na gente. Muito medo, muito respeito.

Rodolgo Buhrer/La Imagem/Fotoarena/Folhapress
Jogadores da Alemanha levantam a taça de campeão da Copa das Confederações, na Rússia
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