Folha de S. Paulo


O Corinthians é pragmático e o Grêmio é envolvente

PORTO ALEGRE tem a felicidade de receber neste domingo o maior jogo deste Brasileirão em dez rodadas.

O encontro dos líderes e de dois modos bem diferentes de jogar futebol, e vencer, porque o Corinthians é pragmático e o Grêmio é envolvente.

Idênticos ambos têm apenas os mascotes, nascidos da obra de Alexandre Dumas.

Porque o Grêmio joga com a bola no pé e com triangulações produzidas por um meio de campo criativo e combativo, com ótima exploração das laterais do campo.

Exatamente como Fábio Carille quer ver o Corinthians jogar.

Já o Corinthians faz de sua defesa o ponto alto do time, como Renato Portaluppi gostaria de ter no Grêmio, uma certa inversão do modo paulista e gaúcho de jogar futebol.

A missão do Timão nesta tarde é desafiadora, freguês de carteirinha do Imortal tricolor.

São 34 vitórias gremistas e 30 corintianas na história, o que pode dar ao corintiano a impressão de que não é tão freguês assim.

Mas, no Brasileirão, a diferença é maior, de 26 a 19 e, em Porto Alegre, ainda mais, de 19 a 5.

Na Arena Grêmio são quatro jogos, todos com vitórias gremistas.

Dirá o alvinegro otimista que pela lei das probabilidades o dia da vitória nos pampas está perto e que pode ser hoje o dia ideal.

O Grêmio faz mais de dois gols por jogo e o Corinthians sofre menos de um.

Corinthians e Grêmio decidem só a liderança hoje, mas já decidiram duas Copas do Brasil entre si, em 1995 e em 2001.

Com vitórias no Pacaembu e no Olímpico, os paulistas foram campeões no século passado e com empate no Olímpico e vitória no Morumbi, neste século, os gaúchos se vingaram.

A vitória gremista no Morumbi apresentou Tite aos corintianos.

O jogo de ida tinha empatado 2 a 2 e a vantagem corintiana era importante ao poder jogar pelo 0 a 0 e pelo 1 a 1.

O Morumbi recebeu 80 mil torcedores para o que deveria ser a festa do bicampeonato da Copa Brasil e a TV mostrou o então técnico gremista dizendo aos seus jogadores antes de entrar em campo: "Vão lá e se divirtam!".

Pois se divertiram. E como! Ganharam de 3 a 1 e comemoram o tetracampeonato da Copa.

Depois se soube que Vanderlei Luxemburgo e Marcelinho Carioca brigaram na noite anterior ao jogo, no hotel da concentração corintiana, e deixaram o ambiente, antes perfumado, completamente envenenado.

Uma vitória corintiana garantirá quatro pontos de vantagem sobre o rival, mais uma rodada garantida na liderança, o que, ultrapassada metade do primeiro turno, não é pouca coisa, apesar de ainda estar longe de ser muuuuuita coisa, embora o Corinthians jogue em casa, contra Botafogo e Ponte Preta, na 11ª e 12ª rodadas e o Grêmio visite o Palmeiras e receba o Avaí.

INDEMISSÍVEL?

Dilma Rousseff tentou fazer de Lula seu ministro e o STF impediu. Tivesse conseguido, talvez se livrasse do impeachment, mas teria de ir com ele até o fim, indemissível.

O São Paulo apostou em Rogério Ceni, ganhou o eleitorado, acalmou a torcida e criou problema parecido.

Se perder hoje para o Fluminense, no Morumbi, Ceni se demitirá? Alguém terá peito de demiti-lo?

Se bem que não é caso nem de uma coisa nem de outra.


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