Folha de S. Paulo


Derrotas nunca são desejáveis, mas algumas são menos graves

Tite se referiu ao gosto amargo da derrota logo depois de Mercado derrubar sua invencibilidade no amistoso de Melbourne.

O único gol argentino, no fim do primeiro tempo, bastou para o primeiro insucesso da seleção brasileira sob o comando do ex-treinador corintiano.

Serviu, também, para que fosse uma derrota absolutamente digna, sem drama ou vergonha.

Jogo mais igual impossível, no qual o placar justo teria sido o empate entre uma Argentina com força máxima, e Lionel Messi, contra um Brasil com apenas quatro titulares e sem Neymar.

O jogo tinha importância para recuperar o amor próprio dos hermanos e nem de longe afetou o astral nacional.

Tite jamais reconhecerá, porque não fica bem numa conversa de machos, mas o peso da invencibilidade incomoda e perdê-la nas circunstâncias em que se deu a perda traz junto uma sensação de alívio.

Sim, o peso da derrota foi o de 500 quilos a menos nas costas do técnico.

Como o próximo jogo será contra a Austrália é muito provável que mesmo com os reservas a seleção brasileira ganhe, restabeleça a imagem vencedora e vida que segue.

Importante mesmo era ganhar os oitos jogos das eliminatórias.

Daqui por diante, classificação assegurada para a Copa do Mundo da Rússia, com quatro rodadas de antecedência, importa observar, experimentar, para chegar bem ao objetivo que realmente interessa, à final em Moscou, no dia de 15 julho de 2018.

Aí sim, invicta ou não –e o pentacampeonato foi ganho sem nenhuma derrota em 32 jogos– a seleção terá de vencer, ainda que nos pênaltis.

Que os argentinos desfrutem da vitória que pode ter para eles o efeito da nossa contra o então favorito Equador na estreia de Tite, mas, importante, valendo três pontos, nas eliminatórias.

Ao treinador resta o consolo de que seu time, mesmo tão desfalcado, jogou no padrão de sempre e só não empatou porque as traves impediram duas vezes num mesmo incrível lance, para Gabriel Jesus e Willian jamais esquecerem.

ESCRAVOS DE JÔ E PRATTO

Hoje tem Majestoso na Arena Corinthians e a inevitável expectativa de mais um gol de Jô, como se os anfitriões já saíssem com 1 a 0 no placar –o que é uma apenas um desejo dos corintianos e um temor dos são-paulinos.

Artilheiro dos clássicos, Jô tem surpreendido pela eficácia nas finalizações e passes para a gol, capaz de se movimentar fora da área com uma mobilidade que sua altura de 1,89 m normalmente impediria.

Os torcedores alvinegros rapidamente se transformaram em dependentes de Jô como os tricolores dependem de Pratto, cada vez mais ídolo pelo espírito de luta e categoria, autor de um gol de fina classe contra o Vitória.
A única crítica possível ao argentino está em que a esmagadora maioria de seus gols, oito de dez, se limita ao Morumbi.

Mas, lembre-se, um dos dois gols feitos fora de casa foi exatamente no palco do jogo de hoje, no empate 1 a 1 pelas semifinais do Paulistinha, em abril, quando também o Corinthians era o favorito depois de ter vencido por 2 a 0 o jogo da ida.

Sim, o outro gol do empate, o que abriu o placar, foi de Jô.


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