Folha de S. Paulo


Há dois níveis de exigência: com os times do Brasileiro e com o torneio

Eduardo Knapp/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 27-11-2016: Campeonato Brasileiro de Futebol 2016. Palmeiras x Chapecoense.Poster do time no estadio AllianzParque (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, ESPORTES).
O Palmeiras, o campeão do Brasileiro 2017, contra a Chapecoense, na última rodada do Brasileiro 2016

O futebol brasileiro tem uma ótima seleção formada por jogadores que atuam no exterior e um monte de times de clubes que estão muito abaixo do nível minimamente exigível pelos investimentos feitos para formá-los.

Peguemos os cinco paulistas que estão no Brasileiro começado neste sábado (13).

O atual campeão brasileiro decepciona a tal ponto até aqui na temporada que trocou de técnico e já tem em Cuca o papel de salvador da pátria.

Ele está para o Palmeiras assim como Tite esteve para a seleção e deu certo. Dará com Cuca?

A campanha na Libertadores é sofrida e sofrível e no Paulistinha a Ponte Preta prevaleceu nas semifinais.

O bicampeonato não é obrigação, mas, para o palmeirense, a Libertadores é —cá entre nós, um exagero.

O Santos, vice-campeão brasileiro, caiu ainda mais cedo no Estadual, mas está nas quartas de final da Copa do Brasil e dele se espera muito, dada a continuidade do técnico Dorival Júnior e seu tradicionalmente bom desempenho na Vila Belmiro, embora o Pacaembu possa vir a desempenhar o mesmo protagonismo, com muito mais torcedores na capital.

Com elenco reforçado e péssimo comportamento em 2017, o São Paulo é a maior incógnita, porque parece ter se acostumado a perder e não é de hoje.

Ser eliminado pelo Cruzeiro e pelo Corinthians está longe de ser um drama, mas quando a eliminação vem do Defensa y Justicia, em seu primeiro jogo fora da Argentina, é de doer. O Morumbi deixou de ser arma e passou a ser salão de festa dos adversários.

Nada faz crer numa boa campanha no Brasileiro neste primeiro ano de Rogério Ceni como treinador.

Pensar em por um ponto final na experiência dele à frente do tricolor, porém, equivaleria a demitir o comando do clube.

Se todos os clubes tinham um goleiro e o São Paulo tinha Rogério Ceni, e agora todos os times têm um técnico e o São Paulo tem Rogério Ceni, a hora é de ter firmeza, mesmo com mais uma derrota hoje contra o Cruzeiro.

A Ponte Preta entra no Brasileiro para ficar nele no ano que vem e tem totais condições para tanto, cada vez maior em sua trajetória.

Finalmente, entre os paulistas, resta o surpreendente Corinthians, em indiscutível ascensão, capaz de jogar fora de casa, como fez contra Inter, Ponte Preta e Universidad de Chile, melhor do que em Itaquera, onde dificilmente é derrotado.

Fábio Carille, o Titinho, cresce, humildemente, no cenário nacional e chama atenção pela seriedade e frieza, aparentemente incapaz de deixar a glória circunstancial subir à cabeça.

Se não está entre os favoritos, se é digamos, a sétima força brasileira, atrás de Palmeiras, Santos, Flamengo, Galo, Cruzeiro e Grêmio, a quarta força paulista anda rindo, com razão, das projeções do gênero e faz delas uma maneira de diminuir as pressões, com um elenco médio, curto, mas extremamente dedicado, maduro e cada vez mais confiante.

O Brasileiro, como se sabe, antes de começar, sempre promete muito equilíbrio e imprevisibilidade.

O que, no entanto, o começo da temporada revela não é promissor quando pensamos na qualidade do campeonato.

Daí ser possível apostar em qualquer coisa.


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