Folha de S. Paulo


O Majestoso tem ingredientes que vão muito além de saber quem vai à final

NA 54ª participação da Ponte Preta no Campeonato Paulista está aberto mais uma vez o caminho para o clube de Campinas ganhar seu primeiro troféu relevante, como se fosse mesmo o Santo Graal.

Em seis oportunidades (1929, 1977, 1979, 1981 e 2008) a Macaca foi vice-campeã e mais que passou da hora de parar de bater na trave.

No sábado (22) segurou o poderoso Palmeiras e só perdeu por 1 a 0 no fim e graças a um gol sem querer de Felipe Melo, o melhor em campo. Será este o ano da Ponte? Tomara!

TUDO OU NADA

Se o Corinthians for eliminado neste domingo (23) passará por uma humilhação apenas menor do que o rebaixamento em 2007.

Porque a derrota nos pênaltis para o Inter pode ser vista como um acidente num torneio que não prometia vida longa.

As circunstâncias da eliminação, com gols perdidos de maneira grotesca, revelam a indigência do atual elenco.

Aí, responsabilizar o treinador beira à covardia, tantas são as chances criadas pelo esquema montado por sua visão de futebol.

Não é ele quem chuta em cima dos goleiros, nas nuvens ou cabeceia errado.

Exigir mais de Carille é excessivo.

Do time pode-se exigir, ao menos, perder apenas por um gol de diferença do São Paulo.

A situação do Tricolor, aqui e agora, é outra.

Depois de duas derrotas no Morumbi, o time mostrou futebol para dar esperanças no Mineirão.

Exigir a classificação hoje será igualmente excessivo.

Imaginar que o time dê nova demonstração de dignidade é uma possibilidade real e mesmo que não valha a classificação significará mais luz no fim do túnel.

Para que entre mortos e feridos todos se salvem bastará o empate, mesmo que não seja o projeto nem de Carille nem de Rogério Ceni.

O peruano Cueva deve ser a chave do Majestoso.

CASA BANDIDA

Já que nem Ricardo Teixeira nem Marco Polo Del Nero podem sair do Brasil, e por atuação de agentes estrangeiros tanto da Justiça suíça quanto da americana, ambos tratam de importar meliantes para cá que, como eles, transitam livremente na terra de ninguém.

Gostaria de saber como se sente uma autoridade brasileira ao ler a mais uma bela reportagem de Sérgio Rangel publicada nesta Folha, na sexta-feira (21), agora sobre o indiano Lalit Modi em feliz convívio com Teixeira e Del Nero e dentro da CBF, com direito a posar com a camisa da seleção brasileira com seu nome estampado nas costas e com o número 10 de Neymar que Pelé celebrizou.

O cidadão tem a ficha suja na Índia, onde foi acusado de lavar dinheiro, afastado para o resto da vida de uma entidade de críquete, teve o passaporte cassado, exilou-se em Londres e, nos Estados Unidos, foi preso e condenado por tráfico de drogas, assalto e sequestro, em 1985.

Este é o homem que passou três dias entre passeios no helicóptero de Wagner Abrahão, notório parceiro da CBF, e visitas à Casa Bandida, onde negocia intercâmbios.

A Justiça de dois países sabe quem são os anfitriões, as autoridades brasileiras também, mas não só fingem que não sabem como permitem que recebam o que há de pior pelo mundo afora.


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