Folha de S. Paulo


A política está no ar, no asfalto, nas piscinas, ginásios e nos gramados

Patricia Stavis - 2.jul.2010/Folhapress
Coaracy Nunes Filho, da Confederação de Desportos Aquáticos, é acusado de desvio de recursos
Coaracy Nunes Filho, da Confederação de Desportos Aquáticos, é acusado de desvio de recursos

É frequente, como sabe a rara leitor e o raro leitor, a política entrar aqui como se fosse um passe ou um gol. Quase sempre um gol contra.

Raramente é para elogiar, como quando FHC editou a Medida Provisória que redundou no Estatuto do Torcedor e quando Lula a transformou em lei.

Frequentemente é para criticar como quando ambos meteram os pés pelas mãos ao nomear para o Esporte ministros que nada tinham a fazer na área, a não ser, eventualmente, se locupletar.

No golpeado governo Dilma Rousseff deu-se igual.

Nesta quinta-feira (13), ainda com o país abalado, embora não surpreso, pela relação dos nomes citados na Lava Jato, por mais que a vontade seja de falar da falta que faz em plena forma o trio Busquets, Xavi e Iniesta ao MSN, é preciso falar da íntima relação entre esporte e política.

Antes de mais nada, como aquele lembrete que ainda é feito nos cinemas e nos aviões de carreira, é de bom tom lembrar que os denunciados são todos inocentes até prova em contrário, como Teixeira, Marin, Del Nero, Nuzman, Coaracy, etc.

Depois, também será prudente dizer que a política se mistura com tudo, até no sorvete de coco de mestre Tostão. Há os que prefiram o de coco queimado, caso deste que vos fala.

Nesta Folha sempre se soube disso e a tendência é a de que cada vez mais outros veículos se juntem.

Porque em tempos de Trump, de Lava Jato, de ambiciosos astros marqueteiros da TV como Doria, Justus, Huck (por que não o Faustão?) e atentados com bomba contra times de futebol como aconteceu com o Borussia Dortmund, a política está no ar, no asfalto, nas piscinas, ginásios e nos gramados.

Na semana retrasada foi a vez do ombudsman Jim Brady, da ESPN, nos Estados Unidos, tratar do anúncio de uma nova política para o trato da velha política nas plataformas da marca.

"A ESPN emitiu novas diretrizes políticas e eleitorais para seus funcionários que, embora permitindo a discussão política sobre as plataformas da rede, recomendam ligar esses comentários para esportes sempre que possível.

As novas políticas também fornecem diretrizes separadas para funcionários da ESPN que trabalham em notícias e aqueles envolvidos em comentários.

"Dado o intenso interesse nas eleições presidenciais mais recentes e o fato de subsequentes discussões políticas e sociais muitas vezes se cruzarem com o mundo do esporte, descobrimos que é um momento apropriado para rever as nossas diretrizes", afirmou Patrick Stiegman, vice-presidente mundial da ESPN Conteúdo e presidente do Conselho Editorial interno da empresa, que redigiu as novas diretrizes.

Stiegman disse que nenhuma questão ou incidente levou à mudança, mas Craig Bengtson, vice-presidente da ESPN e Editor-Chefe de reportagens e notícias, afirmou que o clima político tenso da nação desempenhou um papel.

"Temos a convergência de um ambiente politicamente carregado e todas essas novas tecnologias se juntando de uma vez. Com base nisso, queríamos que a política refletisse a realidade do mundo de hoje. Há pessoas falando sobre política de maneiras que não vimos antes, e não somos imunes a isso".

Mais claro, impossível.


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