Folha de S. Paulo


Para a Rússia, com futebol

A Arena Corinthians estava tão bonita anteontem como esteve o Maracanã tanto na final da Copa das Confederações, em 2013, quanto na decisão da Olimpíada, no ano passado, ambos lotados por torcedores cantando a plenos pulmões que o campeão voltou.

Desnecessário lembrar mais uma vez no que deu a celebração da vitória por 3 a 0 contra os então campeões mundiais espanhóis.

A Espanha não passou da primeira fase da Copa do Mundo, goleada pela Holanda por 5 a 1 e derrotada pelo Chile por 2 a 0.

A mesma Holanda que fez 3 a 0 na seleção brasileira na disputa pelo terceiro lugar e o mesmo Chile eliminado pelo time de Felipão só nos pênaltis e depois de ter mandado uma bola no travessão brasileiro no penúltimo minuto da prorrogação nas oitavas de final.

A euforia da Copa das Confederações virou galhofa e choro depois da Alemanha no Mineirão e toda a aparente solidez daquele time de 2013 se desmanchou no ar como o maior vexame da história das 20 Copas do Mundo.

Já a inédita medalha de ouro da seleção olímpica tem pouco a ver com a seleção principal, apesar das presenças de Weverton, Marquinhos, Renato Augusto, Neymar e Gabriel Jesus nas duas.

Tudo isso para dizer que tão grande como a alegria de ver de novo o time canarinho jogando futebol à brasileira deve ser a consciência de que até a final da Copa no ano que vem, em Moscou, tem muito chão.

Por enquanto, certeza mesmo só três: a seleção é Neymar e mais dez, Tite é o comandante e o Marco Polo que não viaja verá a Copa do Mundo no Brasil.

Aliás, ele planeja ficar na presidência da Casa Bandida do Futebol até 2027, com mais duas Copas no período sem sua prestimosa presença.

Tite agora terá outros quatro jogos, além dos amistosos, para experimentar jogadores ainda não testados, para variar esquemas, para evitar que alguém além do gênio do Barcelona se sinta garantido e até para jogar sem ele para ver o que acontece.

Nada de família Tite, de grupo fechado, como o técnico tem feito questão de frisar.

Os quatro jogos que faltam para terminar as eliminatórias também viraram laboratório e especialmente um, o na desumana altitude de La Paz, poderia ser descartado, quem sabe disputado por um time alternativo, composto apenas por jogadores que atuam no Brasil, e aclimatado na capital boliviana com tempo suficiente para derrotar o time local sem desgastar os jogadores que atuam na Europa e na Ásia.

O jogo está previsto para a primeira semana de outubro, é o penúltimo das eliminatórias e seria uma ótima oportunidade para dar um tapa de luvas em quem se vale das condições geográficas para equilibrar uma disputa esportiva onde, de fato, equilíbrio não há, basta lembrar que ao nível do mar a Bolívia sofreu uma goleada de 5 a 0, na Arena das Dunas, em Natal.

Querem ver Neymar de perto? Façam o jogo em Santa Cruz de la Sierra e não a 3.600 m de altitude.

A seleção brasileira deu a si mesma tal presente, ao se classificar tão antes do tempo previsto e deve desfrutar do privilégio obtido pelos resultados alcançados, mas, principalmente, pelo desempenho em oito jogos com 24 gols marcados e 24 pontos conquistados.


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