Folha de S. Paulo


Achado não é roubado

O menino Ravanelli, 19 anos, número 10 às costas como o eterno ídolo Dicá, comandou a Ponte Preta na vitória parcial sobre o Corinthians no primeiro tempo.

Seu nome só pode ser homenagem ao artilheiro da Juventus italiana nos anos 1990 porque é nome mesmo, Ravanelli Ferreira dos Santos.

Depois de amassar o time da capital no calor sufocante de Campinas, a Macaca tinha o jogo sob controle até que, no 31º minuto da etapa final, um raro arremate de fora da área de Rodriguinho não tocou na zaga pontepretana, mas o assoprador de apito achou que tocou. E o Corinthians achou o empate.

Marcello Zambrana/Agif/Folhapress
Léo Santos (centro) comemora gol na partida entre Ponte Preta e Corinthians
Léo Santos (centro) comemora gol na partida entre Ponte Preta e Corinthians

O garoto zagueiro Léo Santos, de 18 anos, que acabara de entrar no lugar do machucado Balbuena, recebeu de Jô na continuação da cobrança do escanteio e fez o gol do 1 a 1.

Nem foi justo com os anfitriões, nem se pode dizer que tenha sido roubado, porque, afinal, um escanteio é só um escanteio, nada mais que um escanteio.

Além do mais, como já dito no título, achado não é roubado.

É o que o menino Léo Santos está dizendo ao garoto Ravanelli.

Duas promessas do futebol paulista num campeonato repleto de jogadores vindos das bases dos clubes, um óbvio caminho para as finanças combalidas da maioria deles, exceção feita ao Palmeiras que achou a banqueira de sua vida.

ECOS DO CHOQUE-REI

Um gol, não um gol qualquer, mas um golaço por cobertura de antes da intermediária, tornou o clássico que acabava no primeiro tempo apenas guerreado, mas sem emoção, num baile no segundo, quando o Palmeiras pôs o São Paulo no bolso e só não fez mais que o 3 a 0 final porque preferiu brincar a fazer mais gols.

O (por)tento de Dudu mudou mais que a cara do Choque-Rei, porque mudou o estado de espírito dos times.

O Alviverde convencido de que tem talentos em número suficiente para poupar alguns e que pode ousar.

O Tricolor traumatizado por se dar mal em clássicos (a vitória contra o Santos na Vila Belmiro é a exceção que confirma a regra em tempos recentes) tinha em campo tudo que podia ter, mas sem Cueva padece tanto da falta de quem crie que Lucas Pratto vira apenas um abnegado marcador de saída de bola.

Sem o salto alto do Dérbi quando foi surpreendido pelo Corinthians com dez jogadores estimulados pela injusta expulsão de um de seus mosqueteiros, o Palmeiras tratou de recolocar tudo nos devidos lugares e estabelecer a diferença abissal que há entre seu elenco e os dos rivais.

Que encare assim os cochabambinos que vêm da Bolívia entusiasmados pela goleada de 6 a 2 imposta ao tradicional Peñarol uruguaio na primeira rodada da Libertadores.

O time do Jorge Wilstermann (nome do primeiro piloto de voos comerciais bolivianos) surpreendeu o continente com o resultado em casa, a quase 2.600 m de altitude.

Por isso deve ser tratado como se fosse, digamos, o...PSG.

SÓ XICO

Xico Sá está com livro novo na praça.

Em 230 páginas deliciosas, reuniu suas crônicas entre 2005 e 2016, nesta Folha e no "El País Brasil", pela Realejo Livros&Edições.

"A pátria em sandálias da humildade" é dessas artes que ninguém mais além de Xico é capaz de fazer.

Exagero? Confira.


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