Folha de S. Paulo


As ironias do futebol

Levi Bianco/Brazil Photo Press/Folhapress
Kazim do Corinthians comemora seu gol durante partida contra o Audax, válida pela quarta rodada do Campeonato Paulista 2017, disputada no estádio José Liberatti
Kazim, do Corinthians comemora seu gol durante partida contra o Audax

Pior elenco entre os quatro grandes, o do Corinthians terá de se desdobrar para não irritar a Fiel.

Fábio Carille, por melhor que possa ser, quebrará a cabeça para encontrar um mínimo de coesão num time fadado a fazer o corintiano sofrer nesta temporada.

Verdade que parece já ter encontrado a defesa ideal, com Gabriel à frente, principalmente se o ex-palmeirense conversar com Ralf lá na China para aprender como desarmar sem cometer tantas faltas.

Do meio de campo para frente é provável que Jadson melhore o ambiente ao lado de Rodriguinho, porque Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel ainda não disseram a que vieram e o ataque é um deserto de homens e ideias.

Kazim é lutador e marqueteiro de primeira, "o gringo da favela", mas a aposta era em Jô.

Sim, é cedo para descartá-lo, assim como é possível perseverar com Guilherme em busca de afirmação.

Romero, veja só, é outro incansável batalhador, muito pouco para vestir a camisa alvinegra.

Por paus ou por pedras, depois de mais uma magérrima vitória sobre o Audax (1 a 0), coerente com o pensamento de Fernando Diniz, mas sem os talentos do ano passado, eis que o dito Timão tem mais pontos que o Santos e o São Paulo ao fim da 4ª rodada do Paulistinha.

Nada digno de comemoração, apenas constatação.

Para comemorar quem tem motivos é o são-paulino, com outro bom desempenho no frustrante empate (2 a 2) com o único time invicto no campeonato, o Mirassol.

Pois é, o Corinthians venceu, o Tricolor só empatou e vem o crítico dizer que quem não ganhou tem razão para festejar.

Ora, o Morumbi teve 94 mil torcedores em dois jogos, um treinador mitológico e trouxe Lucas Pratto.

Dois erros da defesa, de Maicon e de Bruno, mais duas precipitações de Rogério Ceni ao trocar Luiz Araújo e Cueva quando tudo parecia resolvido, podem ser debitados ao começo de temporada e ao noviciado do técnico.

Pior aconteceu com o Santos, em seu alçapão, duas vezes seguidas e depois de seis anos sem perder na Vila pelo Paulistinha, embora prejudicado pelo assoprador de apito na derrota para a Ferroviária (1 a 0) ao anular o gol de Ricardo Oliveira, que seria o da abertura do placar, claramente atrás da linha da bola.

Mas, convenhamos, nada que retire do Peixe o protagonismo como um dos favoritos ao título.

A ira de alguns poucos torcedores santistas é típica da cegueira de grupos à serviço de qualquer coisa, menos do bom desempenho do time para o qual dizem torcer.

Finalmente, o maior favorito, o Palmeiras.

A cornetagem voltou em grande estilo, estimulada sabe-se lá por quem e vocalizada pela Mancha. É absolutamente compreensível que Eduardo Baptista tateie em busca do melhor conjunto com tantas opções à escolha –como ficou claro na boa vitória sobre o Linense (4 a 0), apesar da dura perda de Moisés.

Depois de amanhã teremos o Dérbi centenário em Itaquera.

Para euforia ou depressão dos donos da casa. Para depressão ou euforia dos visitantes. Ou, em caso de empate, salvarem-se todos entre mortos e feridos.

Em quaisquer das circunstâncias, exageros. Certeza só uma: a do crime da torcida única.


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