Folha de S. Paulo


Os críticos à Copa do Mundo e à Olimpíada no Brasil acertaram no alvo

Na era do tucanato, os críticos eram chamados de "fracassomaníacos", neologismo da lavra de FHC.

Na era do petismo adotou-se a criação de Nelson Rodrigues e os críticos padeceriam do famoso "complexo de vira-latas".

Lula não chegou a inventar uma palavra, limitou-se a falar dos que têm "desejo de fracasso", mas Aldo Rebelo, o polivalente ministro do PCdoB, hoje sumido provavelmente para não ser cobrado, gostava de citar Rodrigues para responder a quem previa exatamente o que está acontecendo com os escandalosos legados da Copa do Mundo e da Olimpíada no Brasil.

Não fosse o fato de o povo parecer outra vez anestesiado -em baixo calão, de saco cheio-, ondas de indignação varreriam o país com o que se sabe a cada dia do estado dos equipamentos dos dois megaeventos e do abandono completo do esporte, a atividade que seria premiada pós-Olimpíada do Brasil poliesportivo.

Nada mais indigna ninguém, talvez também por constrangimento de quem foi às ruas para protestar contra um governo que nomeou Dias Toffoli para o STF e vê o que o sucedeu nomear Alexandre de Moraes.

Ou não dá vergonha ter batido panelas contra a tentativa de um governo nomear Lula ministro e ver o episódio se repetir com o outro ao dar foro privilegiado a Moreira Franco?

Parece que aveludaram as panelas.

Os críticos acertaram no alvo.

IMPEACHMENTS

Alguém já disse que o futebol imita a vida e vice-versa.

Eis que o Corinthians vive dias como os vividos em Brasília antes do impeachment, mas, pasme, a Comissão de Ética do clube deu uma lição ao Congresso Nacional.

Diante da gestão pífia do presidente alvinegro Roberto de Andrade, conselheiros querem transformar pecados veniais (assinaturas em documentos antes de assumir a presidência) em crimes para impedi-lo de seguir adiante no posto para o qual foi eleito legitimamente. Você já viu isso?

Porque agora é assim: as coisas não estão indo bem na economia, na política, nos gramados, nem o eleitorado e nem a torcida estão felizes, anule-se a eleição.

Pois eis que a Comissão de Ética do Corinthians deu parecer contra o impeachment e de maneira que até os ministros do STF, e nossos parlamentares, deveriam aprender, ao partir do seguinte pressuposto: "Esta Comissão fugiu ao máximo da armadilha de avaliar a administração do presidente. Estamos convictos de que não nos cabe discutir se a gestão é boa ou ruim; se as opções contratuais foram corretas ou não; se o futebol vai bem ou vai mal; se as finanças estão em ordem ou não. Não se debateu a qualidade do governo e é possível que, neste particular, haja divergências entre os signatários. A unanimidade acima citada refere-se apenas à detecção de infrações estatutárias e suas respectivas gravidades, únicos temas aqui analisados. Se a gestão é boa ou ruim, que o eleitor manifeste-se nas urnas, nas próximas eleições".

A Comissão se deteve no essencial, se os erros cometidos tiveram gravidade para ocasionar o impeachment.

Concluiu que não ao avaliar "ser desproporcional extinguir o mandato de um administrador eleito pelos associados por conta de tal infração".

Aleluia!


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