Folha de S. Paulo


Rio-2016 deveria monopolizar esporte no ano, mas Chapecoense não deixou

A coluna se despede de 2016 e só volta em fevereiro de 2017, tomara, um ano bem melhor do que este de saída e que já vai tarde.

Alguém já disse que quando você envelhece começa a encontrar os amigos mais em velórios e menos em festas.

Neste 2016, três foram particularmente dolorosos: os de Flávio Gikovate, Deva Pascovicci e dom Paulo Evaristo Arns.

Um foi mundialmente devastador: o da Chapecoense.

Que beleza seria o balanço esportivo do ano ser em torno do Palmeiras campeão brasileiro após 22 anos de estiagem; do Grêmio campeão da Copa do Brasil depois de 15 sem comemorar nada importante; de Michael Phelps, que se despediu das piscinas no Rio onde ganhou mais cinco medalhas de ouro e uma de prata para somar 28 medalhas olímpicas, 23 amarelas, três prateadas, duas bronzeadas, maior medalhista da história; de Usain Bolt, que encerrou a carreira olímpica no Brasil ao ganhar mais três ouros e completar nove em sua trajetória, somados os seis ganhos em Pequim e em Londres, em 2008 e 2012, além da simpatia esfuziante que caracteriza o jamaicano; do futebol brasileiro, enfim campeão olímpico e capaz de nos alegrar novamente sob o comando equilibrado de Tite; das festas comoventes para abrir e fechar a Rio-16; do ouro do vôlei masculino, arrancado mais na força que no jeito.

Claro, ainda teve Cristiano Ronaldo comandando o Real Madrid e Portugal para tomar conta da Europa e do mundo.

Teve Lionel Messi estraçalhando e chamando a bola de meu bem, coladinha aos seus pés, mas na verdade dona de seu coração.

Tantas emoções positivas, com Thiago Braz no salto com vara, com Rafaela Silva no judô, tantas!

Sim, é claro, seguimos com o Marco Polo que não viaja, com Ricardo Teixeira que não viaja, com José Maria Marin em prisão domiciliar em Nova York e sem que a Fifa pague a CBF porque não sabe, ou sabe muito bem, o que a CBF faria com os US$ 100 milhões destinados aos centros de treinamentos como legado da Copa do Mundo de 2014.

Mas o que é a desgraça de termos os cartolas que temos diante da tragédia com o voo da Chapecoense?

Dona Ilaídes, mãe do goleiro Danilo, acabou por ser a personagem do drama, capaz de consolar quando deveria ser consolada, de dar em vez de receber.

Jamais tínhamos vivido tamanho desastre e ainda não fazemos ideia de como serão os próximos passos da Chapecoense, que virou o segundo time de todo mundo.

Verdade que também não sabemos como será o futuro dos quatro grandes paulistas, ou do Galo, ou do Flamengo, principais candidatos a concorrer com o Palmeiras e com o Santos na Libertadores.

Quem disser que sabe, não tenha dúvida, está é mal informado.

Igual aos que preveem o que será do Brasil em 2017.

Há quem diga que não temos por que temer.

Outros que temer é o que nos resta.

Mais uns garantem que nada justifica essa coisa de temer.

Seja como for, teremos um ano duro pela frente, desses talhados para algum clube amenizar com a conquista da Libertadores que escapa há três anos e, ao menos, para a seleção brasileira seguir em sua trajetória de recuperação do prestígio da amarelinha.

Que 2017 seja o que você deseja.


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