Folha de S. Paulo


Trio Esperança

Mauro Horita/Agif/Folhapress
Fábio Carille (d) comanda treino do Corinthians no CT Joaquim Grava, zona leste, antes da partida contra o Botafogo, pelo Brasileiro
Fábio Carille (d) comanda treino do Corinthians antes de partida pelo Campeonato Brasileiro

Os irmãos Mário, Regina e Evinha, em fins dos anos de 1950, formaram o Trio Esperança.

"Filme Triste", "Gasparzinho" e "Festa do Bolinha" foram alguns de seus sucessos, nada que tenha acrescentado coisa alguma à música brasileira.

Evinha abandonou o trio para fazer carreira sozinha e sua irmã Marisa a substituiu. Os quatro irmãos dividiam o mesmo sobrenome: Correia José Maria, por estranho que possa parecer.

Rogério, Fábio e Eduardo não têm parentesco algum como revelam seus sobrenomes Ceni, Carille e Baptista.

Eduardo Baptista, 46, é o mais experiente e terá o desafio de levar o campeão brasileiro Palmeiras ao topo do futebol sul-americano pela segunda vez e em busca de seu primeiro Mundial de Clubes da Fifa.

Trabalhou desde o fim do século passado como preparador físico, assumiu o Sport como técnico em 2014, fez sucesso, deu-se mal no Fluminense em seguida e saiu-se bem na Ponte Preta nesta temporada.

Não tem nada a ver com a escola de Cuca, mas pode dar ao Palmeiras aquele estilo de Academia que tanto agrada aos corneteiros que viram nascer o Trio Esperança.

Rogério Ceni, 43, dispensa apresentação.

Maior goleiro-artilheiro do futebol mundial, jogou durante 25 anos no São Paulo e tem como desafio fazer do Morumbi palco outra vez de times campeões, para o que, tudo indica, contará com a paciência da torcida na temporada de 2017.

Finalmente, Fábio Carille, 43.

Está no Corinthians como auxiliar-técnico desde 2009. Começou com Mano Menezes e seguiu com Tite. Era a solução óbvia seis meses atrás quando Tite foi para a Seleção Brasileira, mas a cartolagem alvinegra bobeou do mesmo modo que a CBF levou dois anos para se tocar que era Tite o substituto ideal de Felipão, não Dunga.

O Corinthians bateu cabeça com Cristovão Borges, com Oswaldo de Oliveira, procurou um, procurou dois, procurou três técnicos, ouviu nãos ali, aqui e acolá e resolveu que já que não tem tu vai tu mesmo.

Carille tem a óbvia vantagem de seguir uma linha coerente entre Mano Menezes e Tite e a desvantagem de ter perdido um semestre inteiro para provar que é o cara certo, hoje objeto de desconfiança por parte da Fiel por ser a última bolacha do pacote, mas não por ser o máximo e sim porque a que sobrou.

Se a direção palmeirense agiu rapidamente para planejar 2017 -e tem feito ótimas aquisições como Raphael Veiga, ex-Coritiba, e Keno, ex-Santa Cruz, além de estar perto de trazer o venezuelano Guerra; e se o São Paulo atendeu à vontade do seu torcedor e resolveu apostar no Mito para pacificar sua vida, o Corinthians mais parece uma biruta.

Seja como for Eduardo&Fábio&Rogério ou, se preferir, Baptista&Carille&Ceni, é o Trio Esperança das três maiores torcidas paulistas.

A quarta, a do Santos, já tem seu maestro, e pela terceira temporada seguida, garantia de bons resultados que precisam ir além de mais um título estadual.

Melhor que ganhar seu oitavo Paulistinha de 2006 para cá, será conquistar o tetra da Libertadores, em busca do tri Mundial.

O Corinthians é um filme triste e o Santos pode ser o fantasminha camarada neste clube do Bolinha que é o futebol.


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