Folha de S. Paulo


É real: todo mundo japonês!

Kazuhiro Nogi/AFP
Real Madrid forward Cristiano Ronaldo celebrates scoring during extra-time of the Club World Cup football final match between Kashima Antlers of Japan and Real Madrid of Spain at Yokohama International stadium in Yokohama on December 18, 2016. / AFP PHOTO / Kazuhiro NOGI
Cristiano Ronaldo festeja gol na vitória do Real Madrid sobre o Kashima Antlers

Quando Shibasaki (quem?!!!) fez Kashima Antlers 2, Real Madrid 1, já no oitavo minuto do segundo tempo da final do Mundial de Clubes FIFA, o fantasma do Mazembe e do Raja Casablanca tomou conta do mundo do futebol. Com a diferença de que tanto o Inter quanto o Galo haviam sido derrotados em semifinais e o que estava acontecendo em Yokohama definia simplesmente a campeão de 2016.

(Antes de seguir: Gaku Shibasaki tem 24 anos, é meio campista, capitão do Kashima, jogador da seleção japonesa e autor dos dois gols nipônicos na derrota por 4 a 2 para os campeões europeus.)

Os madridistas haviam saído na frente com Benzema, levado a virada com um gol no final do primeiro tempo e outro no começo do segundo quando, então, resolveram levar o jogo mais a sério.

Mesmo assim, só empataram de pênalti com Cristiano Ronaldo e viram a decisão ir para a prorrogação, quando a máquina de fazer gols portuguesa marcou mais duas vezes e deu ao Madrid o seu segundo Mundial Fifa, o quinto título contando os três da Copa Intercontinental, superando o Milan.

Pensar no Kashima campeão minimizaria os vexames do Colorado e do Galo?

Cobriria o Madrid de opróbrio?

Ou acabaria de uma vez por todas com a discussão sobre não haver mais bobos no futebol?

Claro que haveria sempre quem dissesse que o campeão europeu jogou de salto alto, que a arrogância perdeu para a abnegação, que o trabalho em equipe nipônico superou o exibicionismo das estrelas reais etc etc.

O ano que começou com o Leicester campeão inglês só faltava terminar com o Kashima campeão mundial.

Em tempo: Antlers significa chifres.

Sim, a vitória do time anfitrião seria uma verdadeira chifrada em todos nós, metidos a entender de futebol, a decifrar seus mistérios, a antecipar seus resultados.

Quem acordou tarde e não viu a decisão, ao saber o resultado de 4 a 2 deve ter pensado: "Estava na cara que seria uma goleada!".

Já Cristiano Ronaldo definiu melhor o que houve: "Finais são assim. Há que sofrer".

"Mas mesmo contra japonês?", perguntará você, rara leitora, caro leitor.

Sim, humildemente, responde o colunista, cada vez mais convencido de que acabaram as distâncias no mundo globalizado.

LAMBANÇA ELETRÔNICA

Pusilânime, o soprador de apito não expulsou Sergio Ramos de campo o que deixaria o Real Madrid com 10 jogadores na prorrogação.

Fecho de lata para arbitragem de um torneio que não poderia ser cobaia para a necessária arbitragem tecnológica também no futebol.

A Fifa até parece querer desmoralizar a ferramenta e dar razão aos conservadores que não a admitem, embora seja necessária e possa até se transformar numa atração a mais nos jogos, desde que usada com rapidez e transparência.

Para tanto e por ser o futebol o que é, o mais popular esporte do planeta, será preciso testar, testar e testar. Em competições menores, nunca num Mundial.

Mesmo sabendo-se de antemão que nada será antídoto para a covardia, como no caso do soprador que deixou o capitão madridista em campo.

Mas que não venha a politiqueira e nebulosa CBF dizer que não tem dinheiro para implantar a tecnologia.


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