Folha de S. Paulo


Bola meio cheia ou vazia?

O campeão e o vice são paulistas. A Ponte Preta acabou em honroso oitavo lugar. O Corinthians em sétimo e o São Paulo em décimo.

Redundante dizer que Palmeiras, 100%, e o vice Santos têm motivos para festejar.

A Ponte também.

Corinthians e São Paulo não.

Com o grau de investimento de ambos nada justifica terem ficado atrás de Botafogo, Furacão e Macaca. Nada!

Ontem aqui se disse que não havia motivo algum para acreditar numa vaga na pré-Libertadores para o Corinthians, que era grande a chance de o Santos ficar com o vice-campeonato e da Ponte ficar entre os 10 primeiros. Era óbvio.

O surpreendente é ver como nossos clubes são incapazes de sustentar situações de hegemonia.

O Corinthians não era aquele clube que em três anos, foi dito em 2012, seria um dos três maiores do mundo? Pois não está nem entre os seis primeiros do Brasil.

O São Paulo não era padrão de gestão no país? Era!

A co-gestão Palmeiras/Parmalat pintou a década de 90 de alviverde Os primeiros anos do século 21 foram tricolores. Mais recentemente, graças ao apoio do melhor presidente da história corintiana, o ex-presidente da República, Lula, apregoava-se a superioridade alvinegra.

A Operação Mãos Limpas, na Itália, dizimou a Parmalat; o terceiro mandato do mesmo presidente no São Paulo, e seu infame sucessor, afundaram o Morumbi; e a Operação Lava Jato interrompeu a bonança corintiana.

Em outros momentos, tivemos exemplos do quanto o doping financeiro, como a MSI no mesmo Corinthians, ou o investimento irresponsável de uma Unimed no Fluminense, são capazes de ganhar títulos, mas não de plantar sementes que permitam colheitas permanentes, independentemente de conquistar ou não todas as taças, mas de disputá-las sempre. Correrá o Palmeiras o mesmo risco agora que seu mecenas sai da presidência?

É o que veremos nos próximos capítulos, embora a arena esmeraldina pareça ser um filão que possa permitir a tal da auto-sustentabilidade que ainda não faz parte da vida de nossos clubes, apesar de o Flamengo ser capaz de ensaiar estar neste caminho, mesmo sem estádio, dada a grande confusão em torno do Maracanã.

JOGATINA

Ninguém admitirá publicamente, mas em Itaquera, além das obras para impedir que o estádio vire mais problema que solução, sonha-se com a aprovação da lei que reabre os cassinos no Brasil. O projeto é do senador Ciro Nogueira (PP-PI), apenas mais um dos políticos encalacrados com a Lava Jato, entre outros inquéritos que marcam sua vida.

Aliás, Romero Jucá (PMDB-RR), o "resolvedor da República", foi o relator da CPI aos Futebol que resultou num relatório oficial que não indiciou ninguém e é um dos campeões em citações da Odebrecht, a empreiteira da Arena Corinthians.

Impressionante como tudo se junta, não? Por falar nisso, José Yunes, assessor especial da presidência, dada sua intimidade de anos com Michel Temer, também premiado pela Lava Jato, foi candidato à presidência do Corinthians em 1975, derrotado por Vicente Matheus.

Enfim, por que querer que o futebol seja diferente no mar de lama brasileiro?


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