Folha de S. Paulo


O Brasil é verde outra vez

Com menos de três minutos de jogo na arena palmeirense o clube já jogava como campeão brasileiro de 2016, porque Guerrero abrira o placar no Maracanã para o Flamengo contra o Santos.

Aliás, quando a rodada começou o Palmeiras tinha a taça na mão, porque os empates em São Paulo e no Rio bastavam.

A Chapecoense de branco e verde enfrentava com brio o campeão de verde e branco.

O que havia de menos verde no estádio era o gramado, porque as arquibancadas estavam tão verdes como todos os palmeirenses do mundo a queriam verdes.

É claro, o Palmeiras não ganhou o título ontem, num domingo que amanheceu ensolarado como merecem os domingos de campeões.

O sol até sorria amarelo porque sabia que melhor teria sido nascer verde.

O Palmeiras liderou o Brasileirão em 26 de 37 rodadas para chegar ao título com uma rodada de antecipação.

É campeão faz tempo, noves fora a ansiedade natural de quem conviveu com fantasmas durante 22 anos.

Só quem viveu isso sabe não existir lógica, racionalidade alguma que garanta o ovo antes da galinha até poder gritar de verdade o grito de campeão.

Pois São Paulo ontem se chamou Palmeiras desde cedo, quando rojões, acesos na região do Parque Antárctica, acordaram a cidade e, mais tarde, não a deixaram dormir.

Só que o Palmeiras não precisou de ajuda nenhuma durante todo o campeonato e tratou de marcar logo no 25º minuto.

Jogo aéreo?

Nada disso!

Bola de pé em pé para Fabiano bater com rara felicidade e encobrir o goleiro, num lindo gol.

Fabiano! O menos estrelados dos 11 titulares em campo, símbolo do elenco variado, regular e seguro.

Fernando Prass, com seus cabelos brancos, estava no banco, depois em campo, justa homenagem a quem personifica tanto a ressurreição palmeirense e tanto ainda tem a dar ao time na próxima temporada, em busca do bicampeonato da Libertadores.

Quando o intervalo chegou, o campeão estava sete pontos à frente do Flamengo, nove adiante do Santos, e nem Corinthians, nem São Paulo, estavam na Libertadores.

Melhor só se houvesse mais gols no segundo tempo. Se bem que, precisar, não precisava.

Pela sétima vez o Palmeiras ganhava o Campeonato Brasileiro, para se somar às duas Taças Brasil e às três Copas do Brasil.

Sete, aqui, está longe de ser conta de mentiroso.

O eneacampeonato atribuído pela CBF, que odeia futebol e só gosta de dinheiro, corrupção e política, corresponde a dizer que Dom Pedro I foi presidente do Brasil, quando foi imperador, o que não lhe retira o poder de número 1, então, do país.

A conquista diante de quase 41 mil torcedores significa ainda mais.

Significa que o Palmeiras, estruturado e aparentemente sem jogadores que venham a despertar a cobiça estrangeira, pode pensar na próxima temporada com otimismo, ainda mais se olhar para situação lamentável de seus rivais mais próximos.

Lembremos, aliás, que desde 1971, sempre que o Palmeiras ganhou um Brasileirão, ganhou o seguinte, em 1972/73 e 1993/94.

Gabriel Jesus vai embora, é verdade, mas vai como um menino que trouxe ao Palmeiras o melhor presente que alguém poderia lhe dar, filho eterno de toda uma nação.

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