Folha de S. Paulo


Em Belo Horizonte, noite de um dos maiores clássicos do futebol

Andre Penner/Associated Press
Brazil's coach Tite jokes with a mascot during a training session in Belo Horizonte, Brazil, Monday, Nov. 7, 2016. Brazil will face Argentina in a 2018 World Cup qualifying soccer match on Thursday. (AP Photo/Andre Penner) ORG XMIT: XAP118
Tite brinca com mascote da seleção brasileira durante treino da equipe em Belo Horizonte

Na escala dos maiores clássicos do futebol mundial, o Brasil x Argentina de hoje à noite no Mineirão só perde para Alemanha x Brasil, Brasil x Itália e Alemanha x Itália. Os dois primeiros somam nove títulos mundiais, o terceiro, oito.

Brasileiros e argentinos, juntos, ganharam sete Copas do Mundo.

É claro que tais avaliações sempre têm um quê de subjetividade, e os uruguaios poderão dizer, com toda razão, que Brasil x Uruguai também reúne sete Copas.

Só que o Uruguai, embora tradicionalmente respeitabilíssimo, não tem mais o mesmo protagonismo, e o futebol argentino era favorito e foi o mais prejudicado pela Segunda Guerra Mundial, quando as Copas previstas para 1942 e 1946 não foram disputadas.

Seja como for, o embate entre Messi e Neymar desta noite tem tudo o que o amante do futebol pode desejar.

Pouco importa para a grandeza do clássico se a seleção brasileira lidera as eliminatórias sul-americanas e a argentina ocupa modesto, e surpreendente, sexto lugar depois de dez jogos, fora, portanto, da zona de classificação.

A diferença de cinco pontos entre ambos pode aumentar para oito, cair para dois ou ficar como está. É mais que improvável, porém, a ausência argentina na Copa da Rússia em 2018, mesmo que os hermanos percam em Belo Horizonte.

Como não é nada improvável uma vitória deles, algo que desde já deve ser encarado com naturalidade, pois a má colocação atual tem tudo a ver com a ausência do gênio Lionel Messi.

Ele não participou dos últimos três jogos, quando a Argentina só empatou com Venezuela e Peru, fora de casa, e perdeu para o Paraguai, em Córdoba, assim como não enfrentou o Brasil, ainda sob Dunga, no 1 a 1 em Buenos Aires. Com Messi, a Argentina liderava as eliminatórias e é curioso observar que a defesa argentina, considerada o ponto fraco do time, sofreu até agora os mesmos nove gols sofridos pela seleção brasileira, enquanto o ataque, o ponto forte, marcou apenas 11 vezes, contra 23 gols brasileiros.

A noite é enorme para os dois treinadores.

Tite, em momento iluminado, fará sua estreia neste encontro que atrai a atenção mundial, e Edgardo Bauza está sob fogo intenso da torcida e da imprensa argentinas.

Desnecessário lembrar a carga emocional de Neymar e companhia na volta ao palco do maior vexame da história do futebol brasileiro, local da vitória argentina, na mesma Copa de 2014, sobre o Irã, por 1 a 0, gol de
Messi, nos acréscimos, em dia do goleiro sul-americano Sergio Romero, autor de três defesas dificílimas.

Melhor lembrar das eliminatórias para a Copa de 2006, em junho de 2004, quando o Brasil venceu por 3 a 1, três gols de Ronaldo, todos de pênaltis sofridos por ele no Mineirão.

Embora a CBF e a AFA não concordem, será o 99º jogo oficial entre as seleções de duas das cinco maiores escolas do futebol mundial, com 37 vitórias brasileiras, 36 argentinas e 25 empates.

Que o árbitro chileno Julio Bascuñan não atrapalhe o jogo que o planeta Terra verá de joelhos, porque, como se sabe, o mundo é uma bola.

Em homenagem ao Rei Pelé e Diego Maradona, a Di Stéfano e Mané Garrincha, na cidade de Tostão.


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