Folha de S. Paulo


O jejum de Gabriel Jesus

O Futebol tem coisas que seriam inexplicáveis não fosse movido por paixão.

Há quem veja em Gabriel Jesus a razão da queda técnica do Palmeiras, porque ele não faz gols há sete jogos.

Como foi vendido ao Manchester City de Guardiola (que por sinal calou os maledicentes ao devolver, 11 contra 11, a derrota para o Barcelona na Liga dos Campeões), tem quem ache que ele esteja tirando o pé.

Ocorre que no período de jejum alviverde, o menino Jesus marcou quatro vezes pela seleção brasileira, o que, curiosamente, não melhora, mas agrava sua situação perante as críticas. Ele estaria se dedicando só ao time amarelo, não ao verde.

Ora bolas!

No time de Tite ele tem a companhia dos melhores jogadores do país e no de Cuca um meio de campo que deixou de criar já faz um bom tempo, deixando-o isolado, quase apenas como marcador de saída de bola dos adversários.

Ricardo Nogueira/Folhapress
SANTOS, SP, BRASIL, 29-10-2016, 19h30, CAMPEONATO BRASILEIRO 2016, SANTOS X PALMEIRAS, ESPORTES: Gabriel Jesus (Palmeiras) durante partida disputada na Vila Belmiro, em Santos, litoral sul de Sao Paulo. (Foto: Ricardo Nogueira/Folhapress) ***exclusivo Folha***
Gabriel Jesus durante partida contra o Santos, na Vila Belmiro, pela 33ª rodada do Brasileiro

Daí, ainda naturalmente imaturo aos 19 anos, a maior estrela do Palmeiras se irrita e acumula cartões amarelos e mais motivos para críticas.

Cobrar dedicação dele é mais do que injusto, é cruel, pois se mata em campo, como poderá ser visto mais uma vez hoje no clássico contra o Inter, jogo duro e importante.

Se quebrará o jejum, acredite, não depende só dele.

A GULA DE MARCELO OLIVEIRA

É quase unânime na crítica e entre torcedores do Palmeiras e do Galo: Marcelo Oliveira é mau treinador.

Perto de completar quatro anos seguidos como campeão das duas competições mais importantes do Brasil, bicampeão brasileiro que foi pelo Cruzeiro em 2013/14 e campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras em 2015, o novamente finalista da Copa, agora pelo Galo, é mesmo um mistério.

Se fosse antipático, talvez explicasse tanto desagrado. Mas não. É ótima pessoa.

Ganhou com o Cruzeiro sem ter um timaço nas mãos e, de quebra, fez de Everton Ribeiro e Ricardo Goulart duas estrelas; venceu com o Palmeiras, que também não era nenhuma Brastemp.

Os palmeirenses sofreram, é verdade, como os atleticanos têm sofrido, ao contrário dos cruzeirenses.

Cesar Greco - 25.fev.2016/Divulgação/Ag.Palmeiras
PIRACICABA, SP - 25.02.2016: XV DE PIRACICABA X PALMEIRAS - O técnico Marcelo Oliveira, da SE Palmeiras, em jogo contra a equipe do EC XV de Novembro (XV de Piracicaba), durante partida válida pela sexta rodada do Campeonato Paulista, Série A1, no Estádio Barão de Serra Negra. (Foto: Cesar Greco
Marcelo Oliveira, em partida do Campeonato Paulista, em fevereiro, enquanto dirigia o Palmeiras

Concordamos todos que resultado não é tudo e que o time do Galo deveria estar jogando melhor.

Mas, convenhamos, alguma coisa Marcelo Oliveira tem e não pode ser só sorte para quem levou o Coritiba a duas finais de Copa do Brasil,em 2011/12, e o Cruzeiro em 2014, além do Palmeiras no ano passado e o Galo neste. Cinco finais em seis anos!

Como lembra o PVC, nos últimos 40 anos, só três treinadores foram campeões com o Palmeiras: Vanderlei Luxemburgo, Felipão e... ele.

Mais: muitos dos melhores jogos desta temporada tiveram o Galo como protagonista, talvez porque privilegie o ataque e descuide da defesa.

Claro, trata-se de um desequilíbrio perigoso, mas, cá entre nós, em regra não cobramos que se jogue no ataque?

Nós, jornalistas, vivemos falando que se dá importância desmedida aos treinadores e somos os maiores responsáveis por isso.

Pois não é que até Guardiola virou alvo de suspeitas porque o time dele foi goleado pelo Barcelona, num jogo em que o Manchester City estava melhor e perdeu seu goleiro, expulso quando estava só 1 a 0?


Endereço da página:

Links no texto: