Folha de S. Paulo


Só um improvável acidente evitará título do Palmeiras no Brasileiro

Cristiano Andujar/AGIF
FLORIANOPOLIS â€
Jean comemora gol do Palmeiras contra o Figueirense, pelo Campeonato Brasileiro

O líder não jogou no primeiro tempo em Florianópolis. Talvez pelo sol.

À sombra, no segundo, jogou como o primeirão.

Partiu para cima do Figueirense e só sossegou ao abrir o placar, graças a um pênalti bobo, mas pênalti, cometido sobre Gabriel Jesus.

O Flamengo tinha acabado de fazer 1 a 0 no Beira-Rio e liderara o Brasileirão por meio minuto.

Não mais e, ao fim da rodada, estava a ponderáveis quatro pontos de distância do Palmeiras, porque acabou por levar a virada do Inter, 2 a 1.

Mais: o Galo, outro que pretendia o título, prejudicado pelo assoprador de apito, também foi derrotado, pelo Botafogo, por 3 a 2, na Ilha do Governador lotada, e ficou a inalcançáveis oito pontos ao faltarem sete rodadas.

Enquanto os rivais sofriam, o Palmeiras aumentava a vitória, outro gol de Jean, que havia feito o de pênalti.

Sim, quando estava ainda 1 a 0 houve penalidade máxima para o time catarinense, de Egídio em Rafael Silva, mas o assoprador de apito preferiu não ver e Rafael Silva ainda diminuiu a vantagem alviverde, só para dar um gostinho de sofrimento, em rara falha deste monumento à tranquilidade chamado Jailson.

Só um improvável acidente evitará que o Palmeiras acrescente mais um título à sua coleção.

Improvável porque, bem ou mal, o time passa segurança permanentemente.

CHEIRO DE QUEIMADO

Se a rodada foi ótima para o Verdão e péssima para Mengo e Galo, o São Paulo que se precate hoje contra o Fluminense, no Giulite Coutinho.

Uma derrota e o terror baterá, definitivamente, à sua porta.

ILEGALIDADE JUSTA

"Provas judiciais colhidas de forma ilegal, segundo a melhor doutrina do Direito, devem ser peremptoriamente excluídas do processo.

A razão para não tolerarmos provas ilegais na vida real não se aplica ao esporte bretão.

Trata-se de uma proteção conferida ao indivíduo para protegê-lo do poder do Estado.

Recusamos a busca sem mandado para preservar a privacidade do cidadão.

Abominamos a confissão sob tortura para garantir-lhe a integridade física.

Obviamente, um jogador que se exibe diante de um público de dezenas de milhares de pessoas (sem contar a TV) não pode legitimamente invocar o direito de privacidade.

Por mais que tente, não consigo ver, no contexto do futebol, nenhum interesse que possa competir com o de apurar o que de fato ocorreu na jogada".

A argumentação é do vizinho da página 2, Hélio Schwartsman, brilhantemente exposta por ocasião do famoso gol de mão de Barcos, para o Palmeiras, contra o Inter, em 2012, validado até que alguém de fora do campo alertou a arbitragem para o tamanho do erro que estava cometendo.

À época, aqui, escrevi uma coluna sob o título "Justamente ilegal".

Não foi nem a primeira vez, diga-se, para ficar apenas na expulsão de Zidane por dar uma cabeçada em Materazzi na final da Copa de 2006, agressão não vista pela arbitragem, mas acusada fora do gramado.

Que aconteceu o mesmo no Fla-Flu é tão óbvio que não se pode admitir.

Mas, como ensina Schwartsman, "a razão para não tolerarmos provas ilegais na vida real não se aplica ao esporte bretão".

E segue o jogo.


Endereço da página:

Links no texto: