Folha de S. Paulo


Se um marciano chegar, ficará na dúvida sobre qual jogo assistir

É claro que você verá o jogo do seu time esteja na situação em que estiver na tabela. Mas se em nenhum dos nove jogos deste domingo houvesse o seu time do coração, qual jogo você escolheria?

Um marciano ficaria em dúvida sobre os jogos das cinco da tarde, a menos que, obcecado pela figura do líder ("traga-me o seu líder, traga-me o seu líder"), ele se fixasse no jogo de Florianópolis, entre o antepenúltimo colocado Figueirense e o primeiro, o Palmeiras.

Depois de jogar 20 minutos primorosos contra o Cruzeiro, o Palmeiras sofreu para ficar no 0 a 0 e agora se vê outra vez só um pontinho adiante do Flamengo.

Sorte dele que seu perseguidor terá, concomitantemente, um jogo ainda mais difícil no Beira-Rio, contra o também desesperado, e muito mais forte que o time catarinense, Internacional. É fogo!

Se eu fosse o marciano e não fosse jornalista em São Paulo, veria o jogo de Porto Alegre. Verei os dois.

Mas como não ver, também, o embate entre o surpreendente Botafogo e o persistente Galo? O clássico que soma o maior número de pontos ganhos nesta rodada do Brasileirão, 103, promete e muito.

Saiba a rara leitora e o raro leitor que, no propósito de bem servi-los, com frequência este pobre colunista abdica de qualquer prazer e acompanha três jogos ao mesmo tempo, possibilidade aberta pelos aparelhos de TV com PiP (Picture in Picture) e pela parafernália dos tabletes e telefones celulares.

Menos mal que o time do colunista só jogará às 18h30, em Itaquera, e contra o lanterninha América.

Por pior que o Corinthians esteja, e está tão mal que permitiu um sem-número de chances de gol ao fragílimo Santa Cruz, embora com uma dupla de atacantes, Keno e Grafite, que adoraria ter, trata-se do jogo mais fácil da rodada.

Mais fácil que o entre Ponte Preta e Santa Cruz, ao mesmo tempo, em Campinas.

Sorte, também, que Santos e Grêmio, na centenária Vila Belmiro, só jogarão às 19h30, o time praiano em busca de vaga direta na Libertadores, o gaúcho atrás de qualquer vaga no torneio continental, segundo jogo de maior soma de pontos, 100.

O outro time que o colunista é obrigado a ver, e que o marciano pode dispensar para não se aborrecer, o São Paulo, está no jogo da segunda-feira contra o Fluminense, um tricolor olhando para baixo e o outro, o carioca, para cima.

FLA-FLU DA VOLTA ATRÁS

Quem viu o Fla-Flu em Volta Redonda ficou com vergonha do pobre futebol rico do Brasil.

A lambança aprontada pelo considerado melhor assoprador de apito do país, que esteve na Copa do Mundo, Sandro Meira Ricci, foi digna de jogos de várzea.

Não acreditou no seu auxiliar, validou um gol impedido e levou depois quase 10 minutos, evidentemente informado pela imagem da TV, e cercado por policiais, jogadores e membros das comissões técnicas dos dois times, para anular o gol que seria o do empate do Fluminense.

E ainda há quem seja contra a oficialização da arbitragem eletrônica no futebol. Com ela tudo se resolveria em um minuto e não caberia contestação.

Sem ela, embora extra-oficialmente com, assistimos cenas tão lamentáveis que fariam o marciano voltar para casa rapidinho.


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