Folha de S. Paulo


Nem sempre é fácil vencer a Bolívia, mas a expectativa é de goleada

Nelson Almeida/AFP
Brazil's coach Tite (C) gives instructions to his players during a training session at the Arena Dunas stadium in Natal, Brazil on October 3, 2016. Brazil will face Bolivia in a FIFA World Cup Russia 2018 qualifier match on October 6. / AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA ORG XMIT: NAL008
Tite conversa com jogadores durante treino da seleção

A "culpa" é do treinador.

O clima criado em torno da seleção brasileira depois que Tite começou a comandá-la obriga uma chuva de gols nesta noite em Natal.

Os bolivianos sabem melhor do que ninguém que Papai Noel não existe e que só o empate é missão possível para eles quando enfrentam os brasileiros ao nível do mar.

Primeiros a derrotar a seleção em jogos pelas eliminatórias de Copas do Mundo, em La Paz, em 1993, não serão eles a quebrar a invencibilidade nacional em jogos no Brasil.

Nos quase 4.000 de altitude de sua capital é completamente diferente, tanto que desde a vitória de 23 anos atrás, por 2 a 0, nunca mais perderam lá em jogos de eliminatórias, com resultados de 3 a 1, em 2001, 1 a 1 em 2005 e 2 a 1, em 2009.

O que não evitou que perdessem, no Brasil, em 1993, por 6 a 0; em 2000, por 5 a 0; em 2004, por 3 a 1, mas, ao menos, empatassem 0 a 0 em 2008.

Nada indica que repitam tal resultado hoje.

O último jogo entre ambas as seleções, um amistoso em 2013, na Bolívia, mas em Santa Cruz de la Sierra, terminou 4 a 0 para o time de Felipão, com dois gols de Neymar.

O craque do Barcelona foi o único, dos que jogarão hoje, a participar daquela partida.

É verdade que, em oitavo lugar, os bolivianos arrancaram, na última rodada, outro empate sem gols dos chilenos, em Santiago, e perderam só por 2 a 0 da Argentina, em Córdoba.

Mesmo assim e sempre levando em conta que não existem mais jogos fáceis no futebol, a expectativa é de goleada na capital potiguar.

Quem a criou é quem tem a missão de fazê-la, o time de Tite, em vias de reconciliação total com a torcida.

Golear não é exatamente o perfil das equipes do técnico e fazer os três pontos seguirá sendo sua preocupação até classificar a seleção para a Copa da Rússia.

Não tenha dúvidas a rara leitora e o raro leitor que nas conversas olho no olho com seus jogadores, Tite está tratando de botar todos os pés no chão antes do embate na Arena das Dunas, certo de que um mau resultado jogará por terra o castelo de areia duramente construído nas vitórias contra Equador e Colômbia que marcaram sua surpreendente estreia.

O torcedor, exigente e ainda descrente de que não existam mais bobos no futebol, raciocina em outros termos, ainda mais depois dos 3 a 0 no Equador, em Quito.

Ora, se foi possível uma vitória tão larga contra um dos então fantasmas do torneio, por que temer a Bolívia?

A seleção está escalada para jogar com Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Filipe Luís; Fernandinho; Giuliano, Renato Augusto, Neymar e Philippe Coutinho; Gabriel Jesus.

Inegavelmente um bom time, melhor do que qualquer outro de clube brasileiro, o que não é verdade quando pensamos nas seleções inglesa, espanhola ou mesmo a alemã, inferiores aos grandes da Premier League, ou ao Barcelona e Real Madrid, ou ao Bayern Munique.

Um bom time dirigido pelo melhor treinador que poderia ter no país e responsável pelo natural otimismo que cerca este Brasil x Bolívia.

Cumpra-se.

Se não, haverá decepção.

Tite não nasceu ontem e deve estar preparado para enfrentar a Bolívia como se fosse a Alemanha.


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