Folha de S. Paulo


Jogos da Copa do Brasil revelam como ninguém é melhor que ninguém

O líder do Brasileirão perdeu, pela Copa do Brasil, para o 8º colocado, 14 pontos atrás dele, e deve agradecer à fortuna porque 2 a 1 foi pouco para a superioridade que o Grêmio mostrou em Porto Alegre.

Richard Ducker/FramePhoto/Folhapress
Pedro Rocha, do Grêmio, comemora seu gol na vitória sobre o Palmeiras, por 2 a 1, na Arena Grêmio, pela Copa do Brasil
Pedro Rocha, do Grêmio, comemora seu gol na vitória sobre o Palmeiras, por 2 a 1, na Arena Grêmio, pela Copa do Brasil

O vice-líder do Brasileirão, o Flamengo, conseguiu a proeza de ser eliminado da Copa Sul-Americana pelo modesto Palestino chileno. Se não foi por querer, dá vontade de chorar.

O 3º colocado do Brasileirão, o Galo, também pela Copa do Brasil, ganhou em casa do Juventude, da Série C, só por 1 a 0 e tomou sufoco.

Já o Santos, o 4º, só ganhou, ainda pela Copa do Brasil, de 2 a 1 do Inter, antepenúltimo, a 18 pontos de distância.

Finalmente, pela mesma Copa e mesmo placar, o 7º classificado Corinthians, 11 pontos à frente do Cruzeiro na zona do rebaixamento, também não foi capaz de abrir uma vantagem confortável para o jogo de volta.

Seria só a prova do baixo nível técnico de nosso futebol não fosse o fato de que no mesmo dia, pela Liga dos Campeões, o poderoso Manchester City, de Pep Guardiola e um bando de estrelas, suou sangue para empatar com o apenas aguerrido Celtic, em Glasgow, na Escócia, o mesmo Celtic que havia levado de 7 a 0 do Barcelona, na Espanha.

Difícil equação com tantas variáveis, dirão a perplexa leitora e o perplexo leitor.

Ora, se há equilíbrio, não pode haver 7 a 0.

Se a goleada se deveu ao fator casa, por que o Galo não a aplicou no Juventude?

Se o fator casa não é tão importante assim por que o Palmeiras não foi capaz de superar o Grêmio?

Esqueça na equação o embate entre Corinthians e Cruzeiro, dois times em busca de um rumo, os mineiros com jogadores tão mais qualificados como mais desesperados.

Que não tem mais bobos no futebol estamos todos cansados de saber, embora, frequentemente, nos peguemos na armadilha de achar que o Palmeiras amanhã atropelará o Santa Cruz, mesmo no Recife, porque, afinal, trata-se do líder contra o vice-lanterna, 31 pontos entre um e outro.

Pois dê-se por muito feliz o palmeirense se voltar para São Paulo com uma vitória simples na bagagem.

O futebol está assim por aqui, na conta do chá e aguado, mais físico do que técnico.

Na Europa, não.

Por mais que o 3 a 3 de Glasgow surpreenda, quem viu o jogo ficou feliz pelo espetáculo.

No Brasil, apesar dos gramados da Arena Grêmio, do Mineirão, da Vila Belmiro e da Arena Corinthians serem quase tão impecáveis como o escocês, os oito classificados na Copa do Brasil pareciam jogar um esporte diferente do jogado no Velho Mundo, embora Grêmio x Palmeiras tenha sido razoável, até bom se abdicarmos de comparações.

Parece que perdemos o trem da história.

NOVA LIBERTADORES

É boa a ideia de fazer a Libertadores ao longo da temporada.

Para fazer sentido no Brasil, porém, será preciso adaptar nosso calendário ao calendário mundial e tirar os grandes dos Estaduais, que deveriam também ser jogados pelo ano todo.

É ruim a ideia de fazer a decisão em jogo único, dadas as dimensões do continente e porque em dois jogos é muito mais saboroso.

Copiar o bom faz sentido.

Macaquear o ruim, não.

ESQUECIMENTO

Faltou dizer na coluna passada : os Palmeiras de Evair e o de Rivaldo também são inesquecíveis.


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