Folha de S. Paulo


É preciso não confundir a seleção com a bola que se joga aqui

Tite não fez nenhuma revolução nem milagre para obter duas valiosas vitórias contra os equatorianos e os colombianos.

Com o grupo que pôde escolher, tratou apenas de organizá-lo, ainda mais no papo que nos treinamentos.

A seleção não passou a ser o melhor time do mundo e, se um dia voltará a sê-lo, só o futuro dirá.

Tem cara, ao menos, o que não é pouco e começou a readquirir respeito, não só dos adversários, mas da torcida nacional.

Os cinco gols em Quito e em Manaus ensinaram alguma coisa aos nossos times?

Aparentemente, não.

Pegue o Corinthians, por exemplo, o time mais "titista" de todos.

Seu primeiro tempo contra o Sport foi a antítese, sem trocadilho, do pregado por Tite.

Era chutão pra cá, chutão pra lá, ligações diretas que não davam em nada e faltas. Além de passes errados, em profusão.

Verdade que no segundo tempo a coisa mudou, graças, muito provavelmente, ao gol que saiu ainda antes do segundo minuto.

O Choque-Rei também não teve nada a ver com o estilo de jogo apresentado pela seleção, com prevalência da bola parada alçada na área —que vale igual e deve mesmo ser aproveitada quando se tem dois zagueiros altos e com o tempo de bola dos palmeirenses Vitor Hugo e Mina.

A seleção, na verdade, nunca foi modelo para nossos clubes e, se voltar a ser bem sucedida para valer, nem por isso sinalizará a solução de nossos problemas.

Que, repita-se, são estruturais e estão fora dos gramados.

RODADAÇA

Os quatro integrantes do G-4 jogam foram de casa nesta 24ª rodada do Brasileirão.

O Flamengo já terá jogado, no Barradão, em Salvador, contra o Vitória, quando você estiver lendo estas linhas.

O Corinthians vai à Vila Belmiro logo mais e o Palmeiras, à Arena Grêmio no começo da noite.

Amanhã será a vez do Galo no estádio Giulite Coutinho, no Rio, para enfrentar o Fluminense.

Jogos que podem mexer nas quatro primeiras colocações, não no G-4 em si, graças à novidade trazida pela 23ª rodada, a diferença de quatro pontos entre o quarto e o quinto colocados, Corinthians e Santos.

O clássico mais antigo de São Paulo estava à feição do Santos até o jogo dos praianos contra o Inter.

Mais que a derrota, as suspensões de Victor Ferraz, Ricardo Oliveira e, principalmente, Lucas Lima diminuem o favoritismo dos anfitriões.

Se é fato que Victor Ferraz mereceu o cartão amarelo que o alija do jogo, os para Ricardo Oliveira e Lucas Lima foram um exagero do assoprador de apito, entre outros motivos porque ele tem a prerrogativa de acrescentar o tempo que avalia como fruto de cera.

Inegável que a ausência do meia durante o segundo tempo no Beira-Rio foi decisiva para a derrota santista, assim como ele e Ricardo Oliveira farão muita falta hoje, por mais que Rodrigão possa dar conta no ataque.

Quem faz prevalecer sua autoridade em detrimento da qualidade do espetáculo não apenas prejudica o time que é vítima da prepotência como age em prejuízo do futebol e dá margem às suspeitas de sempre.

Uma eventual vitória corintiana será atribuída às armações que frequentam os teóricos da conspiração, infelizmente respaldados pelos seguidos escândalos de arbitragem.


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