Folha de S. Paulo


Tinha de ser assim, no último pênalti, para todo mundo ver

COMO JÁ disse, minha vontade de ver o futebol brasileiro com a medalha de ouro olímpica não vem de hoje.

Vi a seleção brasileira ser cinco vezes campeã mundial e faltava ver o título inédito.

Pela TV acompanhei a primeira finalíssima olímpica, 32 anos atrás, em Los Angeles, no mesmo estádio Rose Bowl, com mais de 100 mil torcedores, em que o Brasil conquistaria o tetracampeonato mundial em 1994.

Não era exatamente uma seleção, era praticamente o time do Inter com 11 dos 17 convocados e dirigido por Jair Picerni. A derrota para a França por 2 a 0 não surpreendeu e não doeu, porque aquela até apareceu como uma prata inesperada.

Quatro anos depois, em 1988, em Seul, foi diferente. Acordei às 7 da matina do sábado para ver a decisão contra o time da União Soviética, com esperança de vitória.

Andrade no meio de campo, Bebeto e, principalmente, Romário no ataque, inspiravam confiança, embora ainda fossem promessas.
O jogo empatou 1 a 1 no tempo normal e os soviéticos venceram ao fazer um gol na prorrogação.

A terceira final, em Wembley, quatro anos atrás, vi de corpo presente e com a certeza de que coroaria minha intuição antes de partir para Londres disposto a seguir, como fiz, o time dirigido por Mano Menezes e com Neymar, Pato, Hulk, Thiago Silva, Juan, Marcelo, Oscar, por Manchester, Cardiff e Newcastle, percursos que fazia de trem indo e vindo da capital inglesa.
Como se sabe, um mexicano chamado Peralta fez dois gols e o Brasil perdeu por 2 a 1 ao levar o gol mais rápido até então numa Olimpíada, em apenas 29 segundos, graças a um erro bisonho do lateral-direito Rafael, hoje no Lyon,  e à desatenção do volante Sandro, atualmente no West Bromwich.

Restou, porque a Tóquio não irei, a decisão deste sábado no Maracanã, santuário do futebol equivalente a Wembley, de novo com Neymar em campo, depois de jogos em Brasília, Salvador e no Rio.
Revanche contra os alemães não seria, é claro.
Só haverá uma se na Alemanha, em mata-mata de Copa do Mundo e com goleada, assim como revanche contra o Uruguai só numa final de Copa em Montevidéu.

Mas que tinha um gosto especial, tinha.
Rogério Micale em sua primeira entrevista coletiva depois da estreia estava tenso, mas confiante. 
Na segunda, novo empate, mostrou-se decepcionado e até desculpas pediu. 

Apareceu aliviado na terceira, depois da goleada na Dinamarca, assim como feliz e confiante depois que Honduras foi massacrada. 

Neste sábado, tentava disfarçar a justa euforia.

O que houve no Maracanã você sabe e, pensando bem, tinha de ser assim, no último pênalti, para todo mundo ver. Sim, meninos, eu também vi.


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