Folha de S. Paulo


A goleada improvável

O FLAMENGO jogou os 45 minutos iniciais como se estivesse no velho Maracanã, sem deixar o Corinthians respirar ao exigir que Cássio comprovasse estar de volta e que a trave, pelo menos uma vez, o salvasse.

O Corinthians errava, errava e errava.

O segundo tempo começou quase no mesmo diapasão.

Bastou, no entanto, depois de um bate-rebate na área rubro-negra, que o estrelado Romero abrisse o placar, aos 14, para que o Flamengo desmoronasse até ser destruído pelo Timão, que passou a acertar tudo e a se aproveitar da incompreensível prostração rubro-negra.

Daí sucedeu-se um massacre, com mais três gols frutos de acertos de passes que não pareciam prováveis para quem vira o primeiro tempo alvinegro.

O 4 a 0 que era inimaginável no intervalo do Clássico do Povo se desenhou com brilho para mais de 32 mil torcedores na nova Arena Corinthians.

Certamente os 45 minutos finais foram os melhores do Alvinegro nesta temporada, consagrando, enfim, a primeira vitória contra um time de respeito, porque, lembremos, o triunfo sobre o Santos não foi contra o time completo.

Santos que aparece como candidato, embora vá perder três jogadores para a seleção olímpica, mas que tem sido capaz de se reinventar até mesmo quando derrotado, como contra o Grêmio na semana passada.

Hoje ainda teremos o Palmeiras, em Recife, para não vacilar diante do antepenúltimo colocado, Sport.

Com corintianos, gremistas e santistas secando.

Parece inútil.

O QUE SERÁ DA RIO-16?

Que anúncio a Rio-16 fará do Brasil?

Já se disse que receber uma Copa do Mundo de futebol, ou uma Olimpíada, é uma ótima oportunidade para fazer o anúncio de um país.

Com um risco: o de fazer um mau anúncio.

A Copa do Mundo, apesar de todos os pesares que tão bem foram previstos e hoje conhecemos detalhadamente, foi saudada pelo mundo que nos visitou.

É claro. Os nossos problemas são nossos, não dos que nos visitaram.

E a Olimpíada?

A pouco mais de um mês da abertura, tirante a certeza de que o carioca receberá o evento com a hospitalidade que o caracteriza, o que esperar?

Os primeiros sinais são de alerta total e são negativos.

Atletas estrangeiros já foram assaltados e os que treinaram nas águas poluídas das lagoas cariocas e da baía da Guanabara estão alarmados.

O assalto aos caminhões da TV alemã também não servem à propaganda das autoridades.

Arrastões se sucedem, pessoas são mortas em ações criminosas da polícia, balas perdidas acham vítimas inocentes, a Linha Vermelha é tinta de sangue, instalações olímpicas são bafejadas por mau cheiro, teme-se o colapso dos hospitais e as manifestações de funcionários públicos com salários atrasados.

A Rio-16 se apresenta como passo maior que as pernas e até os exames antidoping, como na Copa, estão sob suspeita e, por enquanto, serão feitos fora do Brasil.

Batamos três vezes na madeira para isolar: que não morra nenhum atleta será a maior medalha que poderemos ganhar.

E, por favor, o momento não comporta as ridículas reações bairristas.

Em qualquer outra cidade brasileira os riscos e os problemas seriam, exatamente, os mesmos.


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