Folha de S. Paulo


Messi espetacular!

QUEM SABE se será neste domingo, depois da final da Copa América?

Falta ainda a Lionel Messi conquistar a admiração eterna dos seus compatriotas, porque a de todos os demais habitantes do planeta futebol ele já tem.

Parece mentira, mas assim que é.

Lembremos que por aqui mesmo, no Brasil, há quem ponha em dúvida o talento de Zico porque não foi campeão mundial.

Gente que, por não ter a sensibilidade de Fernando Calazans, seria incapaz de cunhar a frase que ele cunhou: "Zico não foi campeão mundial? Azar da Copa do Mundo!".

Messi já ganhou a medalha de ouro olímpica pela Argentina, mas ainda não subiu ao ponto mais alto do pódio em torneios, digamos assim, apenas de gente grande.

É o recordista de gols com a gloriosa camisa bicampeã mundial de seu país, com 55 gols, ganhou tudo que um jogador pode ganhar pelo Barcelona e nada parece importar porque não venceu a Copa do Mundo ou a Copa América.

Desta esteve perto no ano passado, mas a viu escapar na decisão por pênaltis com os anfitriões chilenos.

Aquela também esteve ao alcance no Maracanã, mas na prorrogação fugiu em direção à Alemanha.

Nem que La Pulga perca pênaltis neste domingo em Nova Jersey, e volte a ser "só" vice-campeão, ele deixará de ser o que já é e será para sempre na história do futebol.

Porque os mais próximos são mesmo os mais exigentes e ingratos, aquela coisa de que santo de casa não faz milagre.

Por ser de casa, mas dela ter saído tão menino, aos 13 anos, os conterrâneos exageram na crítica, querem dele o que Diego Armando Maradona lhes deu, incapazes de reconhecer que seus resultados são até superiores ao do outro gênio argentino, embora este tenha vencido a Copa do Mundo de 86, no México.

Como no Maracanã em 2014, quase solitariamente neste Brasil que ama odiar a Argentina, no domingo a torcida será por vê-lo campeão.

Não porque ele precise, mas para que os pobres de espírito não tenham mais bobagens para dizer dele.

PALMEIRAS ENCANTA

Ganhar do lanterna América não tem nada de especial, ainda mais em casa e só por 2 a 0.

Mas mostrar o futebol que o Palmeiras começa a mostrar parece sinalizar que vem coisa boa por aí.

Tchê Tchê é o protótipo do jogador moderno, daqueles que você não sabe bem em que posição joga, por jogar onde quer que pegue a bola.

Gabriel Jesus dispensa apresentação, sinônimo de talento e abnegação em fase de amadurecimento para ser muito grande em futuro próximo. Tomara que não cometa o açodamento de sair do país tão cedo e correr o risco de se perder por aí, como tantos.

Mas quem mais tem encantado, surpreendido mesmo, é Róger Guedes, o gaúcho de apenas 19 anos que o Palmeiras buscou no Criciúma.

Quem viu bem a sucessão recente de bons resultados alviverdes há de ter percebido sua importância não apenas pelo denodo com que buscou na linha de fundo as duas bolas que permitiram os dois gols contra o América.

Mas, também, por tanto que auxilia a defesa e pelo talento que tem para deixar um zagueiro mineiro tonto ao aplicar-lhe um drible da vaca de letra num espaço não maior do que o de um lenço.

Róger Guedes: guarde este nome.


Endereço da página:

Links no texto: