Folha de S. Paulo


O Dérbi da verdade

POR JOGAR em casa e apenas diante de sua torcida, o Palmeiras já era o favorito no Dérbi contra o Corinthians. Mas não só por isso.

Os donos da casa, que recebeu quase 40 mil pagantes, público recorde no belo estádio, vinham de duas vitórias categóricas, contra Grêmio e Flamengo, e passavam a sensação de firmeza, de maturidade, de ter, enfim, encontrado o melhor estilo de jogo.

O Corinthians, ao contrário, mesmo vindo de quatro vitórias seguidas que o colocaram na liderança do Brasileirão, ainda não havia enfrentado sua prova de fogo no torneio, não havia enfrentado nenhum grande inteiro.

O primeiro tempo foi mais de luta que de futebol, mais de estudo que de emoções, só quatro, duas para cada lado, em lances nos quais o gol poderia ter saído. Não saiu.

Saiu antes do terceiro minuto, exatamente quando Cuca fez a opção pela técnica e pôs Cleiton Xavier no lugar de Roger Guedes.

A partir daí o que se viu foi outro jogo, muito mais aberto, franco e com lances de entusiasmar.

Em busca do empate, o Corinthians criou duas ótimas oportunidades, uma chutada por cima por Cristian e a outra mandada na trave do goleiro Fernando Prass por Guilherme.

Só que o Palmeiras criou mais, parando ora em boas defesas de Walter, ora em Yago, quase em cima da linha fatal.

O Palmeiras sempre esteve mais perto do segundo gol que o Corinthians do empate, que conseguiu no fim, bem anulado porque não só Felipe estava impedido como o zagueiro ainda cabeceou o braço do goleiro palmeirense.

O anunciado favoritismo palmeirense para lutar pelo título ganhou corpo depois de nova vitória com autoridade.

O Corinthians ainda precisa definir como converter em gols as oportunidades que cria, além de ficar em maus lençóis na defesa com a perda de Felipe para o Porto.

SÃO PAULO SEM SORTE

Perder para o Furacão na noite gelada de sábado no estádio do Morumbi não estava nos planos de ninguém no Tricolor.

Diante de mais de 12 mil torcedores num frio que oscilou entre 7ºC e 5ºC, o São Paulo jogou bem, apesar da ausência de última hora de Calleri, traumatizado com a morte de seu melhor amigo num acidente de moto na Argentina.

Foram nada menos que quatro bolas nas traves paranaenses, duas num mesmo chute, de Ytalo, além de mais duas, de Maicon, em cobrança de falta, e outra de Kelvin, que faria golaço para matar o jogo.

Como bola na trave não altera o placar, o São Paulo acabou surpreendido e levou a virada de 2 a 1, numa dessas peças que o futebol gosta de pregar e que deixam o torcedor justamente injuriado.

No caso, porém, não desconfiado, ou apenas sem confiança por parte de quem vê só o resultado, não o desempenho.

É evidente que fica difícil imaginar o São Paulo na luta pelo título, mas não fica na projeção do que possam ser os dois jogos contra o Atlético Nacional colombiano pelas semifinais da Libertadores.

Como Cuca no Palmeiras, Bauza já deu cara ao São Paulo e, caso o clube consiga um jeito de manter o zagueiro Maicon no elenco, o futuro pode ser promissor. A derrota não deve ser motivo para pessimismo.


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